Redação (23/09/2008) – As cotações dos principais produtos agrícolas negociados no mercado internacional (soja, milho e trigo) registraram forte alta ontem e também colaboraram, como o petróleo e os metais, para a disparada do índice Reuters/Jefferies CRB de commodities. Este subiu 3,9%, maior valorização diária desde pelo menos setembro de 1956, de acordo com a agência Bloomberg.
Na bolsa de Chicago, principal referência global de preços dos grãos, a soja foi o que mais subiu. Os contratos de segunda posição de entrega (normalmente a de maior liquidez), atualmente ocupada pelos papéis com vencimento em janeiro, registraram valorização de 62,75 centavos de dólar (5,41%) e fecharam a US$ 12,22 por bushel. Com isso, mostram cálculos do Valor Data, esses papéis passam novamente a apresentar variação posição acumulada em 2008, ainda que pequena (0,64%).
No mercado de milho, que ainda tinha saldo positivo este ano apesar de toda a turbulência financeira global, o ganho desde 1º de janeiro aumentou para 23,46%. Ontem, em Chicago, a segunda posição (março) subiu 17,25 centavos de dólar (3,09%) e fechou a US$ 5,7625 por bushel. No caso do trigo, a alta de ontem da segunda posição em Chicago (março) foi de 20 centavos de dólar por bushel (2,71%). Os papéis fecharam a US$ 7,5775 por bushel, ainda com queda acumulada de 15,15% no ano.
A euforia de ontem, que impulsionou o CRB (composto por 19 commodities no total), refletiu o bilionário pacote de medidas anunciado pelo banco central dos Estados Unidos (Fed) para socorrer a economia do país. E o plano foi bem recebido pelos analistas e investidores que apostam em commodities depois que as incertezas sobre o futuro da demanda mundial por commodities, inclusive as agrícolas, provocaram fortes quedas de preços nas últimas semanas.
O índice da RC Consultores que mede o comportamento de uma cesta de 15 commodities (agrícolas e não agrícolas), por exemplo, acusou, na primeira quinzena de setembro, variação negativa de 3,6% em relação à média de agosto. Apenas os seis produtos agropecuários que compõem a cesta (açúcar, café, suco de laranja, soja, frango e carne bovina), apresentavam recuo médio de 4,6%.
O economista Fabio Silveira, que criou esta cesta em 1994, ressalva que o mês ainda não acabou, mas informa que, para o indicador, trata-se da maior variação negativa desde outubro de 2001, imediatamente após o atentado terrorista às torres gêmeas nos Estados Unidos. A baixa agropecuária parcial, por sua vez, é a mais aguda desde agosto de 2004, quando houve um forte tombo das cotações da soja e seus subprodutos (óleo e farelo, que também fazem parte do universo pesquisado pela RC). Com a forte valorização de ontem, contudo, o cenário tende a mudar até o fim do mês.