Redação SI 09/12/2002 – A exportação de milho sem a manutenção de estoques reguladores são fatores que geraram a crise da suinocultura, segundo o diretor executivo da Bolsa de Mercadorias e Cereais de Santa Catarina, Antônio Carlos Zapelini.
Zapelini disse que, enquanto o Brasil vendia matéria-prima barata para os concorrentes brasileiros no setor de carnes, deixava de faturar com produtos de maior valor agregado como cortes, carcaças e industrializados de carne.
Em virtude da falta de milho no mercado interno, os custos se elevaram e a saca de milho chegou a R$ 27, sacrificando a renda dos criadores para manter a competitividade. “Estamos matando a nossa galinha dos ovos de ouro”, disse.
Para ele, o governo tem grande parcela de culpa em não ter mantido estoques reguladores, ficando a mercê de especuladores. Os contratos de opção lançados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) remuneravam aquém do valor de exportações e o país ficou sem estoques para intervir no mercado.
Zapelini disse que o valor atual da saca de milho não poderia ser superior a R$ 20. No entanto, o preço pago ao produtor está em R$ 23 e a Conab chegou a pagar R$ 27 no último leilão.
“Com estes preços inviabiliza a suinocultura e a avicultura”, disse Zapelini. Ele afirmou que as agroindústrias, cooperativas, produtores e governos não podem agir cada um por si, sob pena de novas crises. Para ele, as entidades têm que trabalhar em conjunto para ver quando é possível e quando não é viável exportar milho.
Além disso é preciso investir em armazenagem e estoques reguladores para equilibrar o mercado. Ele destacou que a suinocultura e a avicultura do Estado são modelos mundiais e não podem perder competitividade por falta de planejamento conjunto.