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Exportação de soja bate recordes em 2006

<p>Conforme dados recolhidos pela Anec junto a operadores portuários de todo o país, os embarques de soja em grão somaram 23,756 milhões de toneladas até 1 de dezembro deste ano, 12,1% mais que em igual intervalo de 2005 (21,197 milhões).</p>

Redação (07/12/06) – A crise de liquidez e renda que marca a cadeia de soja desde o segundo semestre de 2004, com reflexos significativos sobre a renda dos produtores do grão e nas vendas de praticamente todos os insumos agrícolas no país, não evitará a quebra de pelo menos um recorde histórico expressivo neste ano: o das exportações, tanto em volume quanto em valor.

Previsões de entidades representativas, analistas e consultorias já sinalizavam essa possibilidade – sobretudo no que se refere ao volume exportado -, mas levantamento recente apresentado pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) ajuda a dissipar algumas dúvidas que ainda existiam.

O volume já está bem próximo das revisadas projeções da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) para o acumulado deste ano (25,2 milhões) e do número da própria Conab, que no relatório de safra divulgado ontem ajustou de 24,7 milhões para 24,9 milhões sua estimativa para o total de 2006.

Ao contrário do que sugeriam as perspectivas iniciais, a receita proveniente dos embarques do grão também será a maior da série histórica. A Abiove estima US$ 5,670 bilhões, 6,1% mais que em 2005 e 5,1% acima do recorde de 2004, quando as cotações internacionais do grão dispararam e superaram US$ 10 por bushel na bolsa de Chicago. Nos últimos meses os futuros se recuperaram e, apesar do tombo de ontem, estão em torno de US$ 7, longe de 2004 mas novamente acima da média de US$ 6,01 dos últimos 35 anos, como ressalta Antonio Sartori, da corretora Brasoja. Ele lembra que a valorização da soja acontece a reboque da alta do milho, esta impulsionada pela “febre” do etanol nos EUA.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) também percorrem o caminho do recorde da receita das exportações de soja em grão. Até novembro – e com a colaboração decisiva da performance em outubro – foram US$ 5,546 bilhões, 8,5% mais que no mesmo período do ano passado (US$ 5,111 bilhões). Incluídos os derivados (farelo e óleo), entretanto, a Abiove projeta a receita total das exportações do complexo em US$ 9,191 bilhões em 2006, 3% menos que em 2005 (US$ 9,477 bilhões) e 8,5% abaixo do recorde batido em 2004 (US$ 10,048 bilhões).

Para Waldemir Ival Loto, diretor-superintendente da Amaggi Exportação e Importação, do Grupo André Maggi – maior produtor individual de soja do mundo -, os recordes do grão que serão batidos este ano decorrem do aumento da produção em relação a 2005 e da redução do esmagamento no país. “A valorização do real frente ao dólar e o custo maior do processamento em relação à Argentina fizeram as indústrias reduzirem o esmagamento no país. Por isso os embarques de soja em grão cresceram”. Ele observa, ainda, que a maior procura da China também favoreceu a expansão observada.

A Amaggi, no entanto, manteve o mesmo ritmo de esmagamento e exportações observado em 2005, quando processou 1,03 milhão de toneladas de soja e embarcou 1,54 milhão de toneladas do grão. Loto acredita em uma retomada do processamento no Brasil em 2007, dada a melhora nos preços da soja em grão e do óleo. A empresa investe R$ 100 milhões na construção de uma fábrica em Lucas do Rio Verde (MT), que dobrará sua capacidade de esmagamento, para 6,5 mil toneladas de grão por dia.

“Esses resultados comprovam que a vocação brasileira para os grãos é irreversível”, diz Sérgio Castanho Teixeira Mendes, diretor-geral da Anec. Entendida como estabelecida, estruturada e madura, tal vocação ajuda a explicar os recordes de produção apesar de uma queda de mais de R$ 3 bilhões na renda agrícola (“da porteira para dentro”) provocada pelo grão este ano, além de renegociações de dívidas que tiveram impacto de R$ 20 bilhões ao Tesouro Nacional.