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Exportações brasileiras de milho ganham fôlego

Câmbio e preços internacionais estimulam vendas da safra nova.

Da Redação 03/07/2002  – O plantio da safra 2002/03 de milho ainda não começou – e nem se sabe se a área será mantida ou recuará -, mas tradings como Coinbra e ADM já estão fechando contratos de exportações para a safra nova. O comportamento do câmbio e a valorização dos preços do milho no mercado futuro da bolsa de Chicago, por causa de problemas climáticos nos Estados Unidos, foram a alavanca para esses negócios.

No ano passado, as tradings também realizaram exportações antecipadas da safra 2001/02, mas as vendas começaram a partir de setembro, quando as lavouras de milho já eram semeadas.

De acordo com a área comercial da Coinbra, os negócios foram iniciados antes este ano principalmente pela valorização das cotações do milho em Chicago. Conforme apurou o Valor Pesquisa Econômica, o contrato de milho com vencimento em março subiu 8,7% desde o início de junho, para fechar ontem a US$ 2,54 por bushel em Chicago.

A Granoeste, de Cascavel, é uma das empresas que estão no mercado intermediando as operações entre produtores (ou cooperativas) e tradings. Segundo Celso Gomes, corretor da Granoeste, a empresa intermediou exportações de cerca de 5 mil toneladas de milho para embarque em março de 2003.

Segundo a área comercial da Coinbra, os negócios com embarque previsto para março e abril do próximo ano foram fechados a US$ 99 e US$ 101 por tonelada FOB porto de Paranaguá. O produto tem um prêmio de quase US$ 6 por tonelada sobre a cotação na bolsa de Chicago.

Descontados os custos com frete e despesas de embarque, o milho valeria em março o equivalente a R$ 15,65 por saca no mercado disponível paranaense, pelos cálculos da Coinbra. Esses cálculos consideram um câmbio de R$ 3,07 para março. O preço é alto, pois março é pico da safra de milho. Em março deste ano, o preço médio do milho foi R$ 12,07 por saca, segundo o Cepea.

Além da conjuntura favorável para a exportação, o fato de plantar milho não-transgênico abre espaço para as vendas brasileiras, acredita Gomes. Roberto Petrauskas, superintendente comercial da Coamo, acrescenta que o produto brasileiro tornou-se conhecido no mercado internacional por conta das exportações feitas em 2001, que beiraram as 6 milhões de toneladas.

Segundo Petrauskas, a Coamo ainda não fechou contratos de exportação da safra nova, mas não descarta sua realização se o mercado continuar favorável.

Ainda que as exportações sejam um bom negócio para os produtores, as tradings vêm encontrando alguma dificuldade para formar volumes, segundo Celso Gomes. O motivo é a indefinição quanto ao plantio da próxima safra de milho. A Coinbra estima, porém, que já tenham sido negociados 150 mil toneladas de milho da safra nova.

A valorização dos preços em Chicago e o recuo do real frente o dólar também alavancaram as exportações de milho disponível, isto é, da safra 2001/02. Segundo Petrauskas, da Coamo, foram fechados contratos para embarque em agosto e setembro a US$ 98 e US$ 100 por tonelada. Até maio, as exportações de milho da safra 2001/02 somaram 1,47 milhão de toneladas, segundo a Secex.