Redação (02/04/2009) – As exportações do complexo soja do Brasil, que incluem o grão, o farelo e o óleo, cresceram 59,6% em volumes em março, na comparação ao mesmo período do ano passado, com os exportadores antecipando os embarques, numa tentativa de se beneficiar dos preços, ainda acima da média histórica, afirmou a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
No mês passado, o Brasil exportou 3,602 milhões de t de produtos do complexo soja, ante 2,257 milhões no mesmo mês do ano passado.
"A soja quase que dobrou. É justificável porque, ao contrário do ano passado, as empresas estão procurando antecipar os embarques para aproveitar os preços e também a taxa de cambio", afirmou o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. A cotação do dólar fechou março em R$ 2,31, ante R$ 1,753 um ano antes.
Segundo Castro, embora estejam mais baixos do que o do mesmo período do ano passado, os preços da soja ainda estão bem maiores do que os patamares históricos.
Os dados divulgados na quarta-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostraram a cotação média da soja em grão exportada pelo Brasil em março em US$ 368,3 por t, ante US$ 400 no mesmo mês de 2008.
"Ninguém pode afirmar que esse preço amanhã permanecerá. Como a crise ninguém garante que acabou, se ela piorar, os preços podem cair", acrescentou Castro. A soja é o principal produto da pauta de exportação agrícola do Brasil.
Castro atribuiu ainda as vendas de soja do Brasil a uma maior demanda da China, principal importador mundial.
"A China fez uma grande compra para formar estoques, teve uma demanda da China maior do que o normal, aliada ao fato das empresas procurando antecipar os embarques para garantir os preços". O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja do mundo.
Não foi apenas a soja que mostrou um desempenho expressivo no mês passado. Com uma produção menor de açúcar na Índia, maior consumidor mundial e exportador eventual do produto, o Brasil, maior produtor e exportador, está aproveitando para avançar no mercado, o que se refletiu nas exportações mensais.
As exportações de açúcar bruto cresceram para 865 mil t, ante 578 mil t em março do ano passado, enquanto as vendas do produto refinado somaram 432 mil t, ante 331 mil t.
"No caso do açúcar, foi em função do mercado internacional. A quebra de safra da Índia fez com que o Brasil passasse a ser praticamente o único fornecedor mundial. Naturalmente, a demanda pelo açúcar do Brasil aumentou, aí tem aumento de quantidade e de preço."
Situação semelhante à do açúcar ocorreu com o café, segundo a AEB, referindo-se a vendas mais fracas do Vietnã, segundo exportador mundial atrás do Brasil.
Já as exportações de carnes mostraram alguma recuperação, com os volumes da suína superando o mesmo mês do ano passado, e as bovinas e de frango se aproximando de março de 2008.
"As carnes, os preços caíram muito, houve queda muito forte de preço… compensaram queda de preço com volume."