Da Redação 04/12/2002 – As questões do combate à fome e da segurança alimentar ganharam destaque na imprensa nacional desde que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o programa Fome Zero. No relatório preliminar da equipe de transição verifica-se o risco de uma crise de desabastecimento no País, com preocupação especial com o milho e o arroz. Uma das propostas lançadas pelo presidente eleito é a de se criar, para o Mercosul, uma “moeda verde”, com o objetivo de facilitar a troca de alimentos entre os países do bloco. Ao mesmo tempo, o ministro Pratini de Moraes, numa decisão polêmica, anunciou a realização de um leilão para compra de 150 mil toneladas de milho para tentar garantir o abastecimento de pequenos e médios produtores de frango e de suínos, aliviando a escassez do grão para esses setores mais prejudicados.
Preços – Ao longo deste ano, as preocupações em relação à oferta de milho foram aumentando à medida em que subia a cotação do dólar. Em primeiro lugar, porque a desvalorização do real frente ao dólar eleva o teto dos preços domésticos, dado pelo preço em reais do milho importado. E segundo, porque os preços relativos entre milho e soja estão mudando a favor da soja, estimulando os produtores a optarem pela oleaginosa. Esses fatores favoreceram os proprietários de estoques, que pressionam os preços para cima.
Em Mogiana e em Rio Verde, por exemplo, a cotação da saca passou de um patamar abaixo de R$ 13 para mais de R$ 25. Na tentativa de aliviar o problema para pequenos e médios avicultores e suinocultores, o Ministério da Agricultura anunciou a realização, hoje, de um leilão para compra de milho.
O risco desta medida é que a pressão sobre os preços possa aumentar ainda mais, já que o leilão representará um aumento na demanda pelo produto. Além disso, nada garante o interesse de venda por parte de produtores e cooperativas. O preço de abertura terá de ser bastante elevado. Em diversas regiões, as notícias são de que os vendedores suspenderam as ofertas, à espera do leilão.