Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Ferrugem asiática causa perda de US$ 1,7 bilhão

<p>Para evitar futuras perdas, estados como Mato Grosso e Goiás estão restringindo o plantio de soja de inverno.</p>

Redação (20/04/06)- A maior responsável pela quebra da safra de soja 2005/06 não é o clima, mas o fungo da ferrugem asiática. De acordo com estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja), obtido com exclusividade, a doença provocou perdas de US$ 1,7 bilhão, a maior desde o surgimento da doença, na safra 2001/02. Para evitar futuras perdas, estados como Mato Grosso e Goiás estão restringindo o plantio de soja de inverno, a safrinha, considerada depositário do fungo.

“Quando pensávamos que a doença tinha sido derrotada, ela voltou com força e ganhou contornos de epidemia, atingindo até 80% da área cultivada em todo o País”, diz a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, que ao lado de Antonio Carlos Roessing calculou o levantamento das perdas.

Para realizar o cálculo, a Embrapa utilizou dados de produção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e informações da equipe de fitopatologistas do centro de pesquisa. “A Conab estima que a safra de soja teve quebra de 4,25%. Estimamos que 2,5% disso possa ser credito à ferrugem e o restante a problemas climáticos”, diz.

Ao contrário dos primeiros anos do aparecimento da doença, em que chegou a faltar fungicida, este não foi o problema deste ano. “Os sojicultores erraram o ponto de aplicação e, como as plantas já estavam mais debilitadas em razão do menor uso de fertilizantes, o ataque do fungo foi rápido”.

Os estados mais atingidos foram os do Centro-Oeste, onde foi preciso fazer até 3,5 aplicações de fungicida. Na média, foram feitas 2 aplicações no País.

Para evitar a propagação do fungo na safra 2006/07, Mato Grosso e Goiás editaram portarias obrigando os produtores com pivôs de irrigação a respeitar período de vazio sanitário entre a colheita de verão e o plantio de inverno. “A safrinha permite que o fungo continue no meio ambiente, sobrevivendo até o verão. Por isso, o vazio é necessário”, diz Decio Coutinho, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária, ligado ao governo do Mato Grosso. “Escolhemos as áreas de pivôs porque é justamente nelas onde o fungo reaparece com mais força”.

O Estado cadastrou 289 pivôs, com área de 39,2 mil hectares, e obriga vazio de 90 dias para permitir o plantio. “Quem não respeitar está sujeito a multa e destruição da lavoura”, diz.