A ferrugem asiática, principal doença da sojicultura e que já causou prejuízos de mais de US$ 10,0 bilhões no Brasil, chegou mais cedo e se expandiu mais rápido nas lavouras de Mato Grosso na safra atual (2009/2010). Este diagnóstico mostra que produtores rurais do estado devem ficar atentos para não perder o controle da doença.
Fabiano Siqueri, pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, é quem faz o alerta. “Estes dois fatores são suficientes para produtores e técnicos ficarem atentos e evitar que o fungo se alastre em suas lavouras”.
O primeiro foco de ferrugem nesta safra no estado foi diagnosticado no dia 13 de novembro em uma fazenda situada no município de Campo Verde. Comparado a safra 2008/20009 a doença chegou cerca de 20 dias antes.
Se não bastasse esta antecipação, o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem, também se disseminou mais rápido nesta safra. Em uma semana outros três focos da doença foram encontrados em lavouras dos municípios de Alto Garças, Guiratinga e Pedra Preta. Estes três compõem a chamada região produtora da Serra da Petrovina, ao sul de Mato Grosso.
A chuva que chegou mais cedo no estado é apontada como principal fator facilitador para o aparecimento da doença. O índice pluviométrico foi alto na entressafra e no início da safra atual. “Com o clima mais favorável, se torna necessário maior rigor ainda para a 1ª aplicação com fungicidas, não podendo de maneira nenhuma retardá-la além do início do florescimento ”, aponta Siqueri.
E as previsões climáticas apontam para mais ocorrência de chuvas em Mato Grosso. Com o cenário atual, extremamente favorável à doença, o pesquisador reitera que se faça, o monitoramento efetivo da lavoura e da região. Além disso, ressalta que para as cultivares suscetíveis à ferrugem, na fase de florescimento, caso a doença não tenha chegado, se faça a aplicação preventiva. “É importante fazer pulverização com boa qualidade, usar as doses recomendadas de fungicidas e utilizar impreterivelmente combinações de triazóis com estrobilurinas em todas as aplicações”.
Para os produtores que plantaram a soja Inox (TMG 801 e TMG 803), resistente à ferrugem asiática, Siqueri explica sobre a importância do manejo integrado de doenças na soja, que envolve dentre eles, o planejamento, o plantio na época correta, o monitoramento, a aplicação de fungicidas. “A resistência sozinha não salva a lavoura. É importante que as medidas que compõem o manejo integrado de doenças continuem sendo seguidos pelos produtores e equipe técnica”.
A soja Inox, conforme Siqueri, por apresentar reação de resistência à ferrugem dá ao produtor rural maior segurança e tranqüilidade no controle da doença. O pesquisador lembra que o fungo causador da ferrugem da soja não se multiplica na soja Inox na mesma velocidade que nas variedades suscetíveis. Portanto, a recomendação de aplicação de fungicidas difere. “Hoje se recomenda em variedades suscetíveis que a primeira aplicação, quando preventiva, seja feita no máximo no estádio R1 (início da floração). Na soja Inox, caso a ferrugem não chegue antes, a aplicação preventiva poderá ser feita no estádio R3 (final da floração), possibilitando desta forma, um ganho de 15 a 20 dias na janela de aplicação”.
Evento – Muitos produtores rurais de Mato Grosso já receberam estas informações que estão sendo apresentadas por Siqueri no Fundação MT em Campo: É Hora de Cuidar da Soja 2009 desde o dia 18 de novembro. O ciclo de palestras acontecerá até sexta-feira (27/11).