Com um total de oito municípios atingidos e a confirmação da existência de 14 focos da ferrugem asiática, todos em áreas comerciais, os dados revelados pelo Sistema de Alerta Antiferrugem, disponível no site da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), mostram que no período de duas semanas o número de focos da doença mais do que triplicou, colocando os sojicultores mato-grossenses em estado máximo de alerta.
No último levantamento eram cinco os municípios afetados – Campo Verde, Pedra Preta, Alto Garças, Guiratinga e Itiquira – e quatro focos comerciais. Com a atualização dos dados, novos foram detectados e mais três municípios constataram a doença nas amostras colhidas. Sapezal e Diamantino, com um foco cada, e Alto Taquari, com dois focos.
No total foram colhidas pelo Sistema Antiferrugem da Aprosoja até o momento mais de 800 amostras que constaram três focos em Itiquira, dois em Alto Taquari, quatro em Alto Garças, quatro em Campo Verde, dois em Guiratinga, um em Pedra Preta, um em Diamantino e um em Sapezal. Ao contrário do que foi constatado nas amostras colhidas anteriormente, neste levantamento não foi registrado nenhum foco de ferrugem asiática em áreas não comerciais, que são aquelas onde a soja germina de forma involuntária, sem a ação do produtor, como grãos perdidos na colheita que brotam.
Para o gerente técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas, o problema é decorrente das condições climáticas favoráveis à expansão da ferrugem. Ele destaca que há dois anos, o clima nessa época era seco, com condições que não favoreciam a sobrevivência do fungo. “Este ano o diferencial é que a chuva veio 30 dias antes. O clima chuvoso cria condições favoráveis ao aparecimento e à continuidade da ferrugem, pois aqui no Estado há umidade e clima quente. O momento requer do produtor atenção redobrada. Diariamente deve ser feito o monitoramento das lavouras”, diz.
O sistema de alerta, de acordo com Nery, existe para mostrar ao produtor que é preciso estar atento, que o fungo está aí, está por perto, e que é necessário muita atenção”.
Custos – A doença que compromete a produtividade e causa prejuízos às lavouras e à rentabilidade do sojicultor demanda investimentos no seu combate. Cerca de 10% dos custos variáveis da produção do grão no Estado são formados pela aquisição dos fungicidas.
Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) – a atual safra está demandando investimentos de cerca de R$ 1,2 mil a R$ 1,3 mil por hectare. No planejamento da maioria dos produtores estão previstas três aplicações de fungicidas – que têm como principal finalidade impedir a incidência da doença e minimizar os seus efeitos – que têm custo variando entre R$ 80 a R$ 120.
Como observa Nery, há neste momento a preocupação de que as três aplicações possam ser insuficientes para debelar a doença e garantir o menor prejuízo possível à safra e ao produtor.