Da Redação 21/06/2002 – A França pode deixar de comprar soja brasileira caso o Brasil não crie uma regulamentação clara que comprove que o produto não é transgênico. ”Para o Brasil não perder espaço em importantes mercados como Europa e Ásia, precisa tomar consciência e certificar urgentemente a soja, oferecendo instrumentos claros de informação sobre as condições de plantio no território nacional”, alertou o representante da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Luiz Roberto Baggio, durante o seminário franco-brasileiro ”Exportação de soja não-transgênica: restrições e oportunidades para o Brasil”, que terminou ontem, em Brasília.
Durante o evento, a OCB se posicionou a favor da liberação do plantio comercial de soja geneticamente modificada, desde que regulamentada. O assessor técnico da entidade, Evandro Ninaut, questiona a limitação ao mercado não-transgênico. Ele acredita que há espaço para venda do produto transgênico, orgânico e convencional. ”A OCB irá educar seus associados para que eles façam a melhor escolha e tenham a maior rentabilidade.”
A França exige dois certificados para importar. No Brasil, isso não seria problema. A Cotrimaio, por exemplo, já atende ao mercado francês com soja orgânica considerada acima dos padrões internacionais.
Durante o encontro, pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirmaram ser preciso instituir um prêmio para o produto não-transgênico, mas reconheceram a dificuldade de definir valores, devido à oscilação dos custos nas diversas regiões brasileiras. Segundo os especialistas, a proibição do cultivo comercial de soja transgênica no Brasil também dificulta projeções nesse sentido. Atualmente, o setor privado já realiza certificação do produto convencional. O Ministério da Agricultura trabalha para regulamentar, neste semestre, o plano de rastreamento desse tipo de soja.