Redação (29/07/2008)- A expectativa de frio na primeira quinzena de agosto no Rio Grande do Sul pode retardar o início do plantio da safra 2008/09. O estado é o primeiro a começar o cultivo de verão, com milho. Além do clima, os preços mais baixos e a maior rentabilidade da soja vão provocar recuo no plantio do grão no Centro-Sul do País. A estimativa da Safras & Mercado é de queda de 5,1% na área plantada.
"Está tudo pronto para o início do plantio", declarou Dulce Pinheiro Machado Neto, da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). No entanto, segundo ele, a possibilidade de frio poderá atrasar o cultivo na primeira quinzena de agosto. Machado Neto diz que a estimativa anterior era de aumento na área plantada mas, agora, é de manutenção. A empresa, no entanto, ainda não fez levantamento de plantio. Na safra anterior, o estado plantou 1,41 milhão de hectares (aumento de 4%).
O meterologista da Somar, Márcio Custódio, diz que a previsão climática para a primeira quinzena de agosto é de possibilidade de entradas de ondas de frio, com temperaturas mínimas de 9ºC em Santa Rosa (Noroeste do Rio Grande do Sul, primeira região a cultivar o cereal). A média, para esta época do ano é de 11º. "Ou seja, não é um frio tão intenso", afirma.
Risco de geada
Custódio esclareceu que o grande problema do milho é quando planta, começa a brotar e tem uma geada. Mas não há previsão de geada em agosto. "O frio pode fazer a semente demorar a germinar".
O analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, diz que a safra de milho no verão vai ter queda de área porque o produtor vai preferir plantar soja, em função de o desembolso nesta cultura ser menor. "Com o custo mais alto, o produtor está procurando a cultura que o gasto é menor", diz. Além disso, segundo ele houve queda de preço no cereal. No mês de julho, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o preço do grão caiu 9,5%.
Fundamentos
Molinari explica que a redução nos valores praticados em Chicago (US$ 7,5 o bushel para US$ 6 o bushel), a valorização do câmbio, a ausência de fatores de risco de clima em julho e a entrada da safrinha foram alguns dos fatores responsáveis pela queda do preço do cereal no mercado interno. Pelos dados da consultoria, até o momento foram colhidos 11% da segunda safra no Centro-Sul.
Pelas previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no entanto, Mato Grosso e Paraná devem colher metade de sua produção do milho segunda safra até o final desta semana. Juntos eles respondem por 12 milhões de toneladas, cerca de 68% de toda a produção nacional do grão.
A redução na área na safra de verão deverá ser compensada pelo aumento da safrinha do ano que vem. A Safras & Mercado estima uma área 7,1% maior na segunda safra do grão.