Redação (18/12/2007)- Os maiores reajustes foram registrados pelos fertilizantes, com aumento de 30%, e pelo glifosato (herbicida), em torno de 40%. “A alta do glifosato fez com que, pela primeira vez, a soja transgênica perdesse competitividade com relação à convencional, conforme foi constatado no Mato Grosso do Sul”, disse o superintendente da CNA, Ricardo Cotta Ferreira, no lançamento dos primeiros resultados dos Ativos do Campo, que integram o projeto Campo Futuro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), hoje, na sede da entidade.
Os novos indicadores dos custos de produção de segmentos da atividade rural são resultado de 53 painéis, realizados em 30 municípios, em oito Estados produtores, nos últimos três meses. A análise deste levantamento inicial mostra que a rentabilidade obtida pelos agricultores e pecuaristas das regiões pesquisadas, em 2007, será suficiente apenas para pagar os custos operacionais efetivos, que representam os desembolsos mensais para a manutenção da atividade, das culturas de grãos, café, pecuária de corte e de leite.
“Mas a estimativa de receita destes produtores não cobrirá os custos totais, que incluem a depreciação do patrimônio e os custos de oportunidade para a maioria dos produtos e regiões avaliadas”, afirmou o superintendente da CNA. Segundo Cotta, até o final do primeiro semestre de 2008, serão completados 180 painéis, em 102 municípios, em 16 estados.
Quanto ao milho, após dois anos difíceis, os produtores obtiveram boa rentabilidade na safra de verão 2006/2007, principalmente aqueles poucos agricultores que tiveram caixa suficiente para segurar as vendas ao longo do ano. Segundo dados dos Ativos de Grãos, os produtores que comercializaram o milho em março e abril, logo após a colheita, praticamente empataram sua rentabilidade, ao contrário daqueles que puderam reter a comercialização até o final do ano.
Os Ativos da Pecuária de Corte mostram que o ano de 2007 foi de recuperação para a atividade. Apesar do aumento de 9% nos custos de produção, os preços pagos pela arroba subiram 22%. “Mas ainda estamos longe de recuperar as perdas verificadas nos últimos cinco anos, período em que os custos subiram 45% e o preço médio da arroba apenas 9%”, justificou Cotta. No caso da pecuária leiteira, os dados mostram que os preços pagos ao produtor finalmente começaram a crescer mais do que os custos de produção. Segundo os Ativos da Pecuária de Leite, o item alimentação é o fator de maior representatividade nos custos da atividade. Chegam a representar 34% nos custos operacionais, em Goiás, subindo para 46%, em Minas Gerais.
Já os Ativos do Café demonstram claramente a diversidade produtiva existente no País, com a maior variância nos custos registrados entre as culturas pesquisadas pela CNA. Os custos médios ficaram em torno de R$ 6.000,00 o hectare. A única região em que as despesas foram inferiores à receita obtida pelos produtores ocorreu em Patrocínio, Minas Gerais, devido à produção em maior escala e à colheita mecanizada. O projeto Campo Futuro e seus produtos, os Ativos do Campo, são resultado de uma parceria entre a CNA, Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo e Centro de Inteligência de Mercado (CIM) da Universidade Federal de Lavras (Ufla).