Redação (26/06/06) – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deverá lançar em julho o Plano Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja, que terá um manual técnico contendo recomendações aos produtores para evitar a disseminação da doença. Entre as orientações para evitar a propagação da ferrugem, o Mapa determina o vazio sanitário para soja irrigada nos estados produtores.
O vazio sanitário prevê um período de 90 dias sem que haja o plantio da cultura. É uma medida solicitada pelos produtores e entidades de pesquisa, pois o ambiente irrigado facilita o desenvolvimento do fungo que provoca a ferrugem asiática, explicou o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, Girabis Evangelista Ramos.
Segundo o diretor, a regulamentação do vazio sanitário será feita pelo estado produtor, como forma a prevenir a ferrugem na próxima safra de soja, que começa a ser plantada em outubro. O diretor informou que os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais já estão regulamentando a medida.
Segundo a Embrapa, vinculada ao Mapa, esses quatro estados registraram o aparecimento precoce da ferrugem e têm ainda um agravante: além das condições climáticas serem extremamente favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem, o cultivo da soja na entressafra, irrigada por pivôs, proporciona o efeito chamado de ponte-verde, que faz com que o fungo continue se multiplicando num período em que poderia estar diminuindo naturalmente.
O manual técnico e operacional do Plano Nacional de Controle da Ferrugem da Soja foi discutido em Londrina (PR), durante o Congresso Brasileiro de Soja. A intenção do Mapa é repassar aos produtores informações sobre o controle sanitário da doença, entre as quais, além do vazio sanitário, a hora adequada de aplicar o fungicida.
Estimativa da Embrapa aponta que, desde a safra 2001/2002, quando foi detectada a presença do fungo nas lavouras de soja, os prejuízos com a ferrugem asiática chegam a US$ 7,7 bilhões. O valor equivale a perdas de grãos, custo com o controle da doença (fungicida mais custo médio de 3,5 sacos/hectare por aplicação) e perda de arrecadação em relação à perda da produção.
O principal dano ocasionado pele ferrugem é a desfolha precoce, que impede a completa formação dos grãos, com conseqüente redução da produtividade. Com exceção de Roraima, todos os estados que possuem cultivo de soja foram atingidos pela doença (MT, PR, RS, MA, GO, MS, MG, SP, SC, DF, TO, RO, PA e BA), envolvendo uma área de 22 milhões de hectares.