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Grãos disparam após novas previsões do USDA

<p>A soja e o trigo também foram às alturas, acompanhando o milho.</p>

Redação (15/01/07) – O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu novamente a estimativa de produção de milho na safra 2006/07 no país e os estoques globais – num momento em que a demanda pelo produto cresce por causa do etanol – e fez o mercado fechar no limite de alta na bolsa de Chicago na sexta-feira.

Em seu relatório de oferta e demanda de janeiro, o USDA estimou uma produção de 267,6 milhões de toneladas de milho, 5,33 milhões de toneladas a menos que o previsto no mês passado. Além de reduzir a previsão de produção, o USDA diminuiu também a projeção para os estoques finais de milho nos EUA, que devem ser de 19,1 milhões de toneladas, abaixo dos 23,76 milhões previstos em dezembro. Os estoques globais também caíram, de 92,74 milhões de toneladas para 86,44 milhões de toneladas, o menor volume em 29 anos, segundo a Bloomberg.

Os números dos EUA ficaram abaixo das estimativas que circulavam no mercado, de acordo com Steve Cachia, analista da Cerealpar. Para os estoques, os analistas estimavam entre 19,71 milhões e 25,44 milhões de toneladas e para a produção, entre 270,3 milhões e 272,9 milhões de toneladas.

Leonardo Sologuren, da Céleres, observou que a produção é quase 15 milhões de toneladas inferior à colhida na safra 2005/06. Na mesma comparação, o consumo nos EUA subiu 10 milhões de toneladas, para estimados 241 milhões de toneladas. “Houve uma forte queda nos estoques, que estavam em 50 milhões de toneladas em 2005/06”, afirmou Sologuren. Segundo o analista, no atual quadro, a relação estoque-consumo de milho nos EUA está em 6,4%. Em 2005/06, a relação ficou em 17,4%.

As previsões do USDA sustentaram as compras em Chicago, o que levou os contratos de maio a fecharem com alta de 20 centavos a US$ 4,0750 por bushel. Em percentual, a alta foi de 5,16%, a maior desde 09/10/06, segundo o Valor Data. O valor é o maior em mais de dez anos, segundo a Bloomberg.

As recentes altas do milho já geram especulações em relação à viabilidade de se produzir etanol a partir do produto aos atuais preços. “Esse mercado deve se ajustar à demanda [da indústria]. A US$ 4,00 pode não ser viável produzir etanol”, afirmou Cachia. Sologuren acrescentou que o petróleo na casa dos US$ 50 também poderia desestimular o ritmo de investimentos em etanol nos EUA.

De qualquer maneira, para atender a demanda adicional para os novos projetos de produção de etanol é certo que os EUA terão de ampliar a área de milho. Alguns analistas prevêem alta de 7% a 10% na área plantada, que foi de 78,6 milhões de acres em 2006/07. “O comportamento dos preços vai depender do que será a safra 2007/08 nos Estados Unidos”, disse Sologuren, que acredita que os preços devem se manter firmes.

Em seu relatório sobre o milho, o USDA manteve a produção brasileira em 2006/07 em 42 milhões de toneladas, número considerado conservador por Sologuren. As exportações brasileiras do grão foram elevadas, de 3 milhões para 4 milhões de toneladas.

A soja foi fortemente influenciada pelo milho em Chicago. Na sexta-feira, o contrato para março teve alta de 42,25 centavos de dólar – ou 6,27%, a maior desde junho de 2004 – fechando a US$ 7,1650 por bushel. “O mercado já trabalha com uma nova expansão nos níveis de preço do milho para terça-feira. O milho ditará o mercado até o próximo relatório”, afirmou Renato Sayeg, da Tetras Corretora.

O USDA divulga em março o primeiro levantamento de intenção de plantio da safra 2007/08 – que começa a ser cultivada nos EUA no segundo semestre. Analistas prevêem redução de até 8% na área de soja, em detrimento do milho.

Antonio Sartori, analista da Brasoja, observou que a demanda por milho nos EUA será 31 milhões de toneladas maior que a produção. “Hoje eles têm estoques. Mas e na próxima safra? O mercado chega a um ponto perigoso”, disse.

Para a soja, o relatório do USDA apresentou pequenas mudanças e foi menos baixista que o previsto por analistas. “O USDA reduziu a estimativa de produção e de exportações dos EUA, mantendo um equilíbrio”, disse Vinícius Ito, da Fimat Futures. O órgão elevou a previsão de estoque americano em 1,82% – o mercado previa alta de 3,87% com a revisão da safra. “Os estoques globais estão altos e o clima está favorável à safra sul-americana. O racionamento da oferta de soja vai ter que ser feito pelos EUA na próxima safra.”

No caso do trigo, o USDA reviu para cima as projeções de produção global em 2006/07, para 590,75 milhões de toneladas, alta de 0,4% sobre o previsto em dezembro, mas recuo de 4,7% sobre o ciclo 2005/06. A revisão para cima reflete a maior produção dos países europeus e da Rússia. O USDA manteve a produção da Austrália em 10,5 milhões de toneladas, quebra de 57% sobre a safra 2005/06, e a colheita da Argentina em 14,2 milhões de toneladas, 2,9% maior que em 2005/06.

A alta do milho também puxou o trigo. “O relatório dos estoques trimestrais de trigo ficou de acordo com as previsões dos analistas. O tom altista ocorreu por causa do milho”, disse Ito. Em Kansas, os contratos para maio fecharam a US$ 5,11 o bushel, com alta de 22,25 centavos. Em Chicago, março fechou a US$ 4,92 o bushel, alta de 22,50 centavos ou 4,49%.