Da Redação 01/04/2005 – O centro de pesquisas da Embrapa em Sete Lagoas, Minas Gerais, é especializado em milho e sorgo. Já colocou no mercado dezenas de cultivares desenvolvidas no lugar. Há cinco anos, os cientistas vêm trabalhando para produzir plantas transgênicas. Uma das pesquisas é inédita no país. O sorgo geneticamente modificado está sendo trabalhado pela equipe da bióloga Andréia Carneiro.
“É uma pesquisa ainda bem inicial tanto no Brasil como ao redor do mundo. Eu poderia dizer que é inédita” disse Andréia.
A pesquisadora explicou que os testes são para produzir um sorgo tolerante ao alumínio. Os solos do cerrado brasileiro têm alta concentração deste elemento químico, tóxico para muitas plantas. Quando o sorgo é plantado sob estas condições, ele não se desenvolve bem e perde em produtividade. Para produzir a variedade transgênica, Andréia usou o gene de uma bactéria presente nos solos de várias regiões do mundo.
“É uma planta que vai crescer melhor em altas concentrações e provavelmente vai absorver fosfato melhor” falou Andréia.
O gene utilizado na pesquisa foi introduzido por meio de uma técnica chamada de “biobalística”. Em vez de usar um ser vivo como bactérias ou vírus para levar o gene para dentro da planta, um equipamento faz o trabalho.
Além do sorgo, a Embrapa pesquisa uma variedade de milho com característica inseticida. É o milho BT, sigla que remete ao nome de uma bactéria: bacillus thuringiensis, já usada na agricultura para pulverizar lavouras e matar lagartas. Um dos coordenadores da pesquisa com o milho transgênico é o agrônomo Fernando Valicente.
“Nós conseguimos uma cepa do Paraná de amostras de solo. Isolamos em placa. Pegamos um gene da bactéria do bacilos e transferimos para o genoma do milho. Então, ele é tido como transgênico” esclareceu Valicente.
Para o pesquisador, o milho tem apresentado bons resultados contra o ataque das lagartas.
Como essas plantas transgênicas ainda estão em fase de experiência, elas não podem ser cultivadas ao ar livre. Devem ficar em estufas, que são as chamadas casas de vegetação, completamente vedadas para evitar o contato com ambiente externo.
São medidas de biossegurança. Isso porque espécies que têm parentes na natureza, como o milho e o sorgo, têm chances de cruzar e contaminar variedades convencionais. Daí a necessidade de muitas pesquisas antes de levar os experimentos ao campo.