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Grupo Maggi consolida reinado na soja

Conglomerado prevê colher 550 mil toneladas de grãos em 2003/04, 40% a mais que no ciclo passado.

Da Redação 14/10/2003 – 04h17 – Já começou o vai-e-vem das plantadeiras nas fazendas do Grupo André Maggi, que pertence à família do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi. Na safra 2003/04, serão semeados 162 mil hectares de terra, o equivalente a 128 estádios do Maracanã, divididos entre soja, milho e algodão. A Agropecuária Maggi, braço que cuida das fazendas do grupo, pretende colher 550 mil toneladas de grãos, 40% acima da safra 2002/03.

“Temos áreas disponíveis e estamos investindo em um crescimento programado. Além disso, o mercado é favorável”, afirma Pedro Jacyr Bonjiolo, diretor-presidente do grupo, que deve faturar US$ 550 milhões em 2003. Sem adquirir propriedades, o objetivo é atingir 200 mil hectares plantados nos próximos três anos, o que representará 700 mil toneladas de soja e milho.

Maior produtor individual de soja do mundo, o grupo Maggi planeja colher 370 mil toneladas da oleaginosa na safra 2003/04, alta de 32% ante a anterior. Para atingir esse volume, a área irá aumentar 21%, para 113 mil hectares.

Serão 24 mil novos hectares: 13 mil na Itamarati Norte – fazenda de 40 mil hectares localizada em Campo Novo do Parecis e arrendada do ex-rei da soja Olacyr de Moraes – e 11 mil hectares em Querência (MT). A região, considerada a nova fronteira agrícola do Estado, é cortada pela BR-158 e o governador Blairo Maggi tenta parceria para terminar a rodovia.

O plantio está acelerado nas fazendas do grupo e 20% da área prevista já foi semeada com soja precoce. O motivo da pressa é o interesse pelo milho safrinha, cuja área deve subir de 26 mil para 40 mil hectares na safra 2003/04, o que pode significar 180 mil toneladas do grão. O grupo aposta também no algodão. Serão 9,5 mil hectares (mais que o triplo do ano anterior) e 15 mil toneladas de pluma.
 
“Há um problema de mercado para o milho safrinha no Brasil. Mas nossa produção é competitiva, porque exportamos para a Europa”, diz Bonjiolo. Em 2003, a meta é embarcar 100 mil toneladas de milho, ante 60 mil da safra 2002/03. O milho segue o mesmo caminho da soja. Das fazendas em Sapezal, os grãos vão por rodovia até Porto Velho. De lá, seguem em barcaças pelo rio Madeira até o porto de Itacoatiara.

Além da produção própria, o grupo Maggi também comercializa as lavouras de produtores de Mato Grosso e Rondônia. Na safra 2003/04, serão gastos US$ 100 milhões no financiamento ao produtor. A trading Amaggi, empresa responsável pela etapa de comercialização, pretende exportar 2,5 milhões de toneladas de soja em 2003/04, 12% acima do ano anterior.

O grupo embarca soja pelos portos de Santos, Paranaguá e Itacoatiara. Explorado sem concorrência até a última safra, quando a Cargill inaugurou o terminal de Santarém, o modal do rio Madeira é a menina dos olhos da empresa e deve receber investimentos em 2004. A capacidade do porto de Itaquatiara sobe de 1,4 milhão para 3 milhões de toneladas. Já o transbordo de Porto Velho passa de 8 mil para 13 mil toneladas por dia.

Os investimentos são necessários não apenas para absorver a maior safra do grupo, mas para atender clientes. O grupo fechou parceira com a Bunge e irá prestar serviços pelos próximos dez anos. Segundo a multinacional, serão 250 mil toneladas de soja por ano, distribuídas pelos meses de abril a agosto.