A redução de 10% no plantio de trigo no Paraná em 2011, dada como certa pelo setor produtivo, pode liberar mais de 100 mil hectares para o milho, considerando que em 2010 a área cultivada foi de 1,16 milhão de hectares, 11% abaixo da registrada em 2009. Os dados são do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Os triticultores reclamam que não há política de preços que garanta renda mínima e que, a partir de 2011, só a produção de primeira qualidade poderá ser vendida para o governo. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ainda analisa medidas de apoio ao trigo.
O setor produtivo propõe medidas de apoio à comercialização e classificação, além de salvaguardas contra importações do grão. Nova reunião foi realizada no início desta semana com representantes do Mapa, em Brasília, mas ainda não há garantia de apoio. A próxima reunião está marcada para 10 de fevereiro.
O governo federal reluta em reverter redução no preço mínimo do trigo e em ampliar a cobertura do seguro rural para perdas climáticas. Os técnicos do Mapa não querem também prorrogar a portaria ministerial que amplia as exigências de qualidade na classificação do trigo. A portaria está prevista para vigorar a partir da safra de 2011, mas o setor alega que não há sementes disponíveis no mercado para produzir um grão de acordo com os novos critérios.
A produção nacional de 5,8 milhões de toneladas é insuficiente para atender o consumo. A demanda interna vem sendo suprida com importação de mais de 5 milhões de toneladas de trigo ao ano. Esse volume pode chegar a 6 milhões de toneladas em 2011, informam os moinhos.
O Paraná registra produção de 3,37 milhões de toneladas em 2010. Uma redução de 10% na produção do estado obrigaria o país a ampliar as importações em 5,7%, considerando o total de 5,8 milhões compradas no exterior pela indústria nacional neste ano.
O desânimo na produção toma conta do setor num ano em que problemas enfrentados em outras regiões produtoras indicam que os preços internacionais tendem a subir. As cotações esperadas para 2011 são melhores que as praticadas nos últimos dois anos, conforme os especialistas no mercado do trigo.