A Conab divulgou na quinta-feira (6) a primeira estimativa para a safra brasileira de grãos relativa ao ano agrícola 2011/2012. É uma previsão que vem com muitas incertezas. Os números apontam ao mesmo tempo para um aumento da área de plantio e uma queda de produção.
O que chama mais a atenção nessa primeira estimativa é o crescimento na área do milho primeira safra. Para a Conab, os agricultores vão aumentar em até 7,2% o cultivo. A soja cresce 3,5%. O algodão, 6,1%. No total de todas as culturas, a área deverá ter um incremento de até 2,9%.
Apesar dos agricultores estarem plantando mais, o levantamento da Conab indica redução no volume. A produção brasileira de grãos deve ficar entre 157 e 160 milhões de toneladas: 1,5% de queda em relação à colheita anterior. Isso não acontece desde 2009. Nas últimas duas safras, o Brasil vinha aumentando a quantidade produzida e batendo recordes.
Das principais culturas, duas vão ter redução de área: feijão primeira safra, queda de 8%, e arroz, menos 2,7%. No caso do Rio Grande do Sul, que é o maior produtor, a previsão da Conab é de uma redução de até 3% no cultivo.
“A questão mais significativa é a falta de água na região da Campanha, no Rio Grande do Sul. Tem uma perspectiva de reduzir em mais de 50% a área por conta da falta de água nas barragens”, explica Cláudio Pereira, presidente do IRGA, Instituto Rio Grandense do Arroz. É o que está acontecendo com o produtor Antonio Fontes, de Uruguaiana. Nesta safra, ele diz que vai reduzir em 10% por cento a extensão da lavoura.
Essa primeira estimativa fala em queda na produção no total da safra com base nas previsões de que pode faltar chuva no sul do país também para a soja e para o milho. O diretor de Política Pública Agrícola e Informações da Conab Silvio Porto acha, no entanto, que os números são preliminares e que os próximos levantamentos podem mudar a situação.
“A tendência de chuva, com regularidade para os próximos três meses, principalmente no Centro-Oeste está numa sinalização muito positiva e mesmo essa preocupação que se tem de uma estiagem no Sul poderá não se concretizar e, portanto, os dados e os números poderão ser surpreendentes em relação a este ano”, argumenta Silvio Porto.
O presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso Rui Prado acha que os dados da colheita do ano que vem podem ser melhores que os da previsão da Conab. “Ela deve estar sendo muito conservadora, mas de qualquer forma percebemos uma tendência muita clara dos produtores em plantar mais a segunda safra e em investir em tecnologia, ou seja, colocar mais insumos para a produção dessa segunda safra, que é principalmente a de milho. Isso fatalmente vai trazer uma safra maior. Estamos estimando em torno de 27% a mais de milho já no ano que vem”, diz.