Redação (03/03/2009)- Representantes da cadeia produtiva do milho no Brasil estiveram reunidos com o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, nesta segunda-feira (02) e manifestaram preocupação e temor com o milho transgênico que começa a ser plantado pela primeira vez agora no período da safrinha, após a liberação pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Eles pediram o apoio do governo do Paraná, pelo seu histórico de lutas contra a produção de grãos geneticamente modificados, porque querem continuar comprando o milho convencional para atender seus clientes no mercado interno e externo.
A reunião contou com a participação do presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho), Nelson Arnaldo Kowalski, que estava acompanhado de representantes das grandes empresas da cadeia produtiva do milho como a Nestlé, Yoki Alimentos, Caramuru Alimentos, Nutrimilho, Corn Produtcts International (Milho Brasil de Balsa Nova), Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados, entre outros.
Para o secretário, foi uma satisfação receber essa manifestação da indústria do milho, que ao contrário da indústria da soja está preocupada em manter o fornecimento de alimentos livres de organismos geneticamente modificados em seus produtos. Segundo Bianchini, o apoio das indústrias é fundamental e juntos (governo e indústria) poderão defender estratégias de incentivo ao plantio de milho convencional e também a segregação do milho transgênico.
Bianchinil disse que a Secretaria pode defender junto ao governador Roberto Requião e também ao governo federal a concessão de um subsídio ao seguro no plantio, desde que o produtor plante efetivamente milho livre de organismos geneticamente modificados. Bianchini disse ainda que a estrutura de armazéns da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário (Codapar) e mesmo da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) poderão receber somente o milho convencional.
SEGREGAÇÃO – Entre os pedidos apresentados pela indústria está a segregação do milho nos armazéns das cooperativas paranaenses para evitar a contaminação com o milho transgênico e garantir a qualidade do grão.
Outro pedido é o monitoramento por parte da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento sobre o espaço determinado pela legislação federal para separação entre lavouras de milho transgênico e convencional. A lei determina um espaço de 100 metros sem cultivo de milho ou de 20 metros desde que tenha uma barreira com plantio de milho convencional. A preocupação é evitar a contaminação na lavoura pela polinização cruzada que ocorre mais facilmente com o milho.
Os empresários pediram ainda a realização de um zoneamento agrícola no Paraná para lavouras de milho não-transgênico e a criação de um Arranjo Produtivo Local, visando o controle e a rastreabilidade do milho geneticamente modificado.
Segundo a Abimilho, as indústrias de milho no Brasil processam 10% da produção nacional e movimentam um mercado de cerca de R$ 1,5 bilhão por ano, atendendo empresas europeias e asiáticas estabelecidas no Brasil. A preocupação da indústria é perder esse “seleto mercado conquistado com muita dedicação e competência para outros países do Mercosul”
As indústrias salientaram o elevado poder de nutrição do milho e derivados e a importância do produto para a diversificação da alimentação do brasileiro, onde o grão é referência alimentar e já incorporado aos hábitos de consumo
O setor ocupa mais de quatro milhões de postos de trabalho no campo, além de 3.350 empregos diretos e 30 mil indiretos nas indústrias de processamento. O milho é matéria-prima para uma centena de outros produtos, correntemente usados pelas indústrias de papel e têxteis, na produção de cerveja e em artigos farmacêuticos, entre outros.