Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Indústrias de Goiás querem contingenciar exportação de soja

<p>As indústrias processadoras de soja de Goiás reclamam que neste ano vai faltar 2,8 milhões de toneladas de soja em grãos para atender a capacidade do parque industrial instalado.</p>

Redação (21/02/07) – Nesta semana, estiveram na Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) para pedir apoio na proposta – a ser apresentada ao governo estadual – de determinar que 80% da produção de soja de Goiás seja direcionada ao processamento interno.

A Faeg não aceitou a condição e propõe o aumento de até 40% da área de soja do estado, desde que as indústrias firmem contratos estabelecendo garantias de preço ao produtor. As indústrias afirmam, em documento entregue na Faeg, que, caso essa questão não seja resolvida, terão que importar o grão de outros estados. O executivo da processadora Granol, de Goiás, Paulo Donato, afirmou que essa importação já ocorre, mas que não quer se pronunciar sobre o assunto até que se conclua a discussão com a Faeg.

O presidente da entidade, Macel Caixeta, informou que na próxima quinta-feira, a Comissão Estadual de Grãos da Federação se reunirá para discutir o assunto e enviará técnicos a Brasília para tratar a questão no Ministério da Agricultura. No entanto, Caixeta adiantou que está descartado o apoio da entidade à restrição de exportação do grão. “Essa medida pode causar pressão nos preços para baixo e prejudicar o produtor que está há várias safras no vermelho”, pondera. De fato, por conta do incentivo da Lei Kandir, as exportações de soja em grão cresceram 46%, entre as safras 2000/01 e 2005/06.

Representavam 40% da produção brasileira em 2000, percentual que, na safra passada, subiu para 46%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em Goiás essa participação era de 34% em 2003 e avançou para 44% no ano passado, segundo a Faeg. No entanto, pondera o assessor técnico da Federação, Pedro Arantes, o que ocorre é que as mesmas empresas processadoras do Goiás que hoje afirmam faltar matéria-prima, também são as que exportam o grão, aproveitando os bons preços e reservando mercado.

Ele estima que das 2,8 milhões de toneladas exportadas em grãos por Goiás, em torno de 2 milhões foram movimentados pelas mesmas indústrias que processam o grão. “Se elas não comprarem a soja no mercado e exportar, as tradings o fazem”, explica Arantes. Além de Granol, foram procuradas para falar sobre o assunto, a Caramuru Alimentos – que tem planta de processamento, em Itumbiara – a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), mas nenhuma retornou a ligação.

As indústrias esmagadoras de soja de Goiás somam capacidade instalada para processar 6 milhões de toneladas por ano, a mesma produção de soja de Goiás. Estima-se que atuem com ociosidade de 20%.

O presidente da Faeg acredita que seja preciso aumentar a produção em 40% (mais 2,4 milhões de toneladas) para atender tal demanda.