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Interesse no etanol poderá elevar preço do milho

<p>Isso é ruim para Sadia e Perdigão?</p>

Redação (18/04/07) – A sinalização dos Estados Unidos em elevar o consumo de etanol é destaque e motivo de matérias publicadas em destaque ao redor do o mundo. Entretanto, duas perguntas ficam no ar.

O mundo conseguirá produzir o milho suficiente para satisfazer o mercado norte-americano, que utiliza a commodity como insumo de produção do etanol?

Quais serão os impactos de uma aceleração no preço do milho, já notada neste ano, nas maiores produtoras de frango do Brasil, Sadia e Perdigão?

Área plantada cresce
Segundo projeções da USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) a área plantada de milho naquele país deve crescer 15% para atender a demanda para a produção de etanol.

No Brasil, a expectativa da Tendências Consultoria é de um crescimento de 23,6% na área plantada do grão para a próxima safra. Com esta projeção, a consultoria reduziu a expectativa de alta dos preços em 2007 para 20,6%.

Ajuste entre oferta e demanda
A tendência de aumento na área plantada no mundo para atender o consumo norte-americano parece consenso no mercado. Mas ainda é difícil avaliar se esta será maior ou menor que a demanda, o que dificulta uma previsão mais clara para o futuro do grão.

"Se o preço continuar bem alto, a tendência é que os produtores migrem de soja para o milho, e isso pode equilibrar o preço. Mas, se a euforia de produzir o etanol pelo milho continuar, certamente vai pressionar a cotação da commodity", avalia o analista da Ágora corretora, Antonio Heluany Neto.

Neto, entretanto, é mais cauteloso para projetar os impactos no longo prazo. "Ainda não tem como precificar se esta oferta vai ser suficiente para a demanda que está crescendo. É difícil saber a proporção deste crescimento da demanda".

Para a analista da corretora Ativa, Mônica Araújo, o cenário atual indica uma maior pressão nos preços do milho, que podem impactar os resultados dos próximos trimestres, mas pondera: "O Brasil está com a safra crescendo, desta forma, o cenário apertado no mercado internacional acaba afetando o mercado brasileiro, mas não na mesma magnitude".

Maior impacto: Sadia ou Perdigão?
Ambos analistas acreditam que o cenário de aumento nos preços do grão deve elevar custos. "Já está nos planos das duas empresas o aumento do preço do milho, devido ao etanol, de 15% neste ano", avalia Neto.

Para Mônica Araújo, no curto prazo, a Sadia está mais preparada para a aceleração dos preços. "Como a Sadia está com estoque maior, a um preço mais baixo, ela tende a sofrer menos no curto prazo do que a Perdigão".

Neto, da corretora Ágora avalia de outro ponto de vista."De uma forma geral, a Sadia seria mais afetada porque a Perdigão tem uma participação em lácteos, que não usa o milho".

O analista também considera que o maior risco para o setor ainda é a gripe aviária, já que a elevação dos custos deve ser repassada no produto, "a margem ficará um pouco mais pressionada, mas não chega a superar o risco da gripe aviária", conclui.

A analista da Ativa acredita que o impacto dos preços do milho devem ser maiores em relação à gripe aviária, mas no curto prazo. "O que preocupa no curtíssimo prazo esta tendência de preços de commodity", finaliza.