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Irã pode levar 1,5 milhão de toneladas de milho do Brasil em 2006

<p>O país é praticamente o único cliente do Brasil.</p>

Redação (13/04/06)- As exportações brasileiras de milho ao Irã nos primeiros meses do ano já se aproximam das 813,6 millhões de toneladas registradas em todo 2005, e especialistas acreditam que os negócios continuem aquecidos, fazendo com que os embarques atinjam 1,5 milhão de toneladas este ano.

Com um câmbio que dificulta o comércio exterior do cereal, o Irã é hoje praticamente o único mercado para o produto do Brasil, pois paga um prêmio pelo milho não-transgênico.

– Aparentemente a safra do Irã teve problema, e o governo iraniano aumentou a cota de importação, para em torno de 1,5 milhão de toneladas. E também aumentou o prazo de embarque. Era junho, agora vai até julho ou agosto – disse um corretor.

Das 524,1 milhões de toneladas de milho efetivamente embarcadas este ano nos portos brasileiros, 406,5 milhões de toneladas foram para o Irã. E das 229 milhões de toneladas já programadas para embarque em abril, 154,2 milhões seguirão para o país islâmico.

No ano passado, quando houve uma quebra de safra no Brasil, as exportações totais de milho do país somaram apenas 875 milhões de toneladas, contra 4,85 milhões em 2004.

Os iranianos vêm comprar no Brasil a preços entre oito e dez dólares por tonelada acima do cereal transgênico vendido pela Argentina, o segundo exportador mundial.

Embora haja uma expectativa de aumento das exportações ao Irã, neste momento os negócios estão parados pois, apesar da pressão da colheita, os agricultores preferem aguardar condições melhores de venda, com a possível efetivação do apoio à comercialização anunciado pelo governo.

– O Irã vem comprando na faixa de 119 dólares (por tonelada). Mas vendedor não tem no momento. Se tivesse vendedor, estaria falando em 125 (dólares por tonelada no porto)”, afirmou o corretor Djalma Amaral Júnior, da Granopar, em Curitiba, no principal Estado produtor brasileiro de milho.

Segundo Flávio Turra, do setor de comercialização da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), com o câmbio atual e o preço do milho no interior, mais o frete até o porto e os custos de embarque, não compensa ao produtor vender para exportação, se o governo efetivar as prometidas medidas.

– O produtor hoje só vende pequenas quantidade para fazer dinheiro, e a exportação envolve volumes grandes – disse ele, admitindo que hoje é mais comum o agricultor ver seu milho sendo exportado através da Bunge, que atua como recebedora e é capaz de formar lotes maiores para destinar ao exterior.

A Bunge lidera as exportações de milho em 2006, com 203 mil toneladas embarcadas.

Com uma safra em 2005/06 estimada em 40,7 milhões de toneladas, 16,5 por cento superior à do período anterior, e diante da possibilidade de uma queda na demanda interna, pelo temor da gripe aviária nos países importadores de aves, não haveria outra opção para enxugar o mercado a não ser a exportação. Fala-se em estoques de até 7 milhões toneladas no fim do ano, sem exportações.

Para exportar, no entanto, o mercado esperava que o governo anunciasse na terça-feira um leilão de PEP (Prêmio para Escoamento do Produto) que permitisse exportações. Mas, pelo edital anunciado, o PEP de 100 mil toneladas na semana que vem ficará restrito ao transporte para o Norte/Nordeste.

Segundo as fontes, por enquanto não há “brecha” para que o mecanismo apóie a exportação, como foi usado em recentes vendas externas de trigo de qualidade inferior para ração.

Com o PEP, o Brasil poderia ficar competitivo para exportar milho à Coréia do Sul, Japão e até para Europa.