Redação (19/03/2009) – O complexo de assentamentos Itamarati I e Itamarati II, localizado em Ponta Porã (MS), retomou a produção de soja, que fez a fama mundial da ex-fazenda, e irá colher 18 mil toneladas do grão. Centenas de beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária descarregaram sete mil toneladas destinadas à produção de farelo e biodiesel no posto de coleta instalado dentro do assentamento.
O montante representa quase metade das 45 mil toneladas absorvidas pela Granol, uma das empresas que atuam no mercado em Mato Grosso do Sul. Além de Ponta Porã, a indústria mantém mais seis unidades de recebimento em assentamentos do Estado. O prazo de entrega encerra em abril, junto com o final da safra da soja na região.
Paulo Valmir Miranda é um dos agricultores que apostou na lavoura. Dos oito hectares de seu lote no projeto de assentamento Itamarati II, três foram reservados para a soja, cujo rendimento deve chegar a 120 sacas. “É a lavoura mais viável no assentamento hoje”, avalia.
Ele conta que irá ganhar R$ 2,00 a mais por cada bolsa ou saca de 60 quilos, atualmente cotada em torno de R$ 38,00 pela Central de Abastecimento (Ceasa/MS). Além disso, assim que a soja for retirada, a área pode ser ocupada pelo milho e aumentar o rendimento da família.
A diferença de preço da oleaginosa é um atrativo oferecido pelas fabricantes de biocombustíveis interessadas em obter o Selo Social. Pelo programa, as empresas precisam adquirir uma porcentagem da matéria prima de assentados agricultores familiares. Em troca, recebem incentivos fiscais e facilidades de financiamento do governo federal.
Depois de estocada, a produção segue para Osvaldo Cruz (SP), onde é esmagada. A parte volumosa, 80%, vira farelo para ração animal e exportação. O remanescente, 20%, é o rendimento da planta em óleo.
A própria esmagadora transforma a matéria prima em biodiesel e a vende para Petrobrás. Ao final, o biocarburante é adicionado aos combustíveis que alimentam motores de automóveis de todo o país.