Redação (10/05/07) – Cerca de 60% da área cultivada no Paraná, maior produtor nacional da segunda colheita do cereal, está em fase suscetível às intempéries climáticas. Para alguns meteorologistas, a chegada antecipada de massa de ar frio é sinal da ocorrência do fenômeno La Ninã.
Segundo a Somar Meterologia, no Oeste do Paraná a temperatura chegou a 4ºC, enquanto no Sul de Mato Grosso do Sul a 3º. Houve geada no Rio Grande do Sul e em alguns pontos isolados do Sul e Sudoeste do Paraná. Até ontem não havia registro de quebras de produção. Por isso, as cotações do cereal não foram afetadas – saíram a R$ 19 a saca (60 quilos) em Paranaguá, segundo a AgraFNP.
O analista da consultoria, Fábio Turquino Barros, explica que o primeiro impacto de uma geada seria de reação nos preços. Porém, a oferta do cereal ainda é forte. A estimativa oficial é de colheita de 14 milhões de toneladas. "Mas a partir de agora tem que se acompanhar o clima", diz Leonardo Sologuren, da Céleres. Como o Norte do Paraná está seco, diz Sologuren, se houver geada duplica o potencial de perda.
A engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná, Margorete Demarchi, explica que períodos longos de frio podem retardar o desenvolvimento da lavoura de milho, prejudicando a produtividade. No entanto, ela acrescenta que o maior risco é a geada quando atinge a lavoura no período de desenvolvimento vegetativo ou floração. Hoje, apenas 10% da safrinha paranaense pode ser considerada "fora de risco". A última geada que prejudicou a segunda safra de milho naquele estado foi em 2002, com perda de cerca de 30%.
A previsão da Somar Meterologia é a de que o inverno não seja rigoroso, mas outras ondas de frio devem trazer riscos de geada ao Sul do País.
La Ninã
Apesar de alguns notarem a La Ninã no oceano, os meteorologistas não são unânimes quanto aos reflexos. Paulo Etchitchury, da Somar Meterologia, acredita que tal fenômeno só será percebido entre julho e agosto. Em anos de La Ninã as chuvas são mais escassas. Acredita que a próxima safra de verão é que pode ser afetada. Para André Madeira, da ClimaTempo, La Ninã já está em atividade e pode prejudicar a safrinha com geadas e chuvas abaixo da média. Mozar de Araújo Salvador, do Instituto Nacional de Meterologia (Inmet), diz que o fenômeno estará evidente a partir do próximo mês.