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Lavoura mais cara

Custos de produção da soja no plantio que se inicia são superiores aos de 2003.

Da Redação 08/10/2004 – Contas mais apertadas aguardam os agricultores ao final da safra 2004/2005. Com custos de produção superiores aos do ano passado e previsão de colheita mais cheia, o cenário que se desenha é preocupante para o produtor de soja, que inicia o plantio nos próximos dias.

A rentabilidade da lavoura, que foi de 60% em média em 2003 e chegou a 40% neste ano, não deve passar de 20% no ano que vem, na análise do diretor técnico da corretora Safras e Mercado, Flávio Roberto de França Junior.

Isso porque os custos de produção da oleaginosa no último ano aumentaram cerca de 20%, enquanto o preço da saca de 60 quilos se mantém no mesmo patamar de um ano atrás – entre R$ 32 e R$ 38 -, sem descontar a inflação, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro).

O diretor comercial da Cooperativa Tritícola Mista do Alto Jacuí (Cotrijal), Irmfried Schmiedt, vai mais longe. O dirigente afirma que o custo de produção da soja passou de 10 sacas por hectare para até 20 sacas por hectare (aproximadamente R$ 700 em valores de hoje).

O analista de mercado Antonio Sartori, diretor da corretora Brasoja, sustenta que o preço atual da soja é o mais baixo dos últimos dois anos. Em maio, a saca chegou a R$ 52, a maior cotação em 18 anos, e despencou 30% desde então.

Alie-se a isso a colheita nos Estados Unidos, que deve totalizar 77,2 milhões de toneladas de soja, e a perspectiva de produzir quase 10 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul (ante 5,8 milhões de toneladas colhidas na última safra), e fica claro que a lei da oferta e da procura não permite projeções otimistas.

A única válvula de saída é a produtividade. Se houver quebra de safra, será desastroso”, avisa França Junior.