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Leilões de milho

Após dois meses de discussões interministeriais, o governo federal abre nova série de leilões de milho através do PEP.

Leilões de milho

Após dois meses de discussões interministeriais, o governo federal abre quinta-feira nova série de leilões de milho através do Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) – programa que premia o comprador que paga preço mínimo ao produtor, ou seja, R$ 17,46 a saca de 60 kg no mercado paranaense. Como ocorreu no ano passado, Mato Grosso será o foco da sequência de leilões. O Paraná, que reclama ter ficado de lado no ano passado, terá chance de vender parte dos estoques que pressionam as cotações há mais de dois anos. O principal destino do milho escoado com recursos do programa de garantia de preços mínimos será a exportação.

Os leilões fazem parte da maior intervenção do governo no mercado de grãos dos últimos 20 anos. Desde os anos 80 os estoques não subiam tanto a ponto de achatar os preços e exigir tamanho socorro oficial. Dos R$ 5,2 bilhões disponíveis para comercialização da safra 2010/11, um terço deve financiar o escoamento de milho. O volume de recurso é suficiente para premiar o escoamento de 10 a 11 milhões de toneladas – volume equivalente a todo o milho que o Paraná produziu no ciclo 2008/09. O governo estima que sejam necessários 12 leilões. Cada operação pode comercializar até 1 milhão de toneladas.

O governo também apoiou a comercialização de 11 milhões de toneladas de milho ano passado, quando o problema da superoferta tomou a proporção atual. Trata-se, assim, de uma segunda tentativa de esvaziar os armazéns. O estoque de passagem subiu da média de 3 milhões (dez. 2007 / jan. 2008) para 11 milhões (2008/2009). Para o leilão eletrônico de quinta-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estabeleceu oferta de 600 mil toneladas de milho de Mato Grosso, 130 mil de Goiás e Distrito Federal, 120 mil do Paraná, 80 mil de Mato Grosso do Sul e 70 mil de Minas Gerais.

O volume definido para o Paraná é considerado baixo e, ainda assim, pode não ser atingido, explica o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Flávio Turra. “O prêmio é baixo e deve despertar pouco interesse do mercado”.

Ajustes devem ser realizados em relação aos volumes de cada estado e aos prêmios, relata o técnico da Conab Eugênio Stefanelo, especialista no mercado de grãos. “Esse é só o primeiro leilão. Vamos experimentar o mercado e fazer ajustes de acordo com a demanda.” Ele afirma que um volume bem maior de milho está previsto para Mato Grosso porque o estado enfrenta cotações bem menores que as dos outros estados. Os produtores matogrossenses estão recebendo pela saca entre R$ 7 e R$ 10,50 e os paranaenses R$ 14. Mato Grosso espera participar pelo menos com metade do volume a ser negociado nos leilões.

“Se o Paraná escoar muito milho para longe, os estados vizinhos é que vão reclamar”, alega o coordenador geral da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Sílvio Farnese. O estado consome dois terços do que produz e vende o excedente, boa parte para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Exportação

Pelas próprias regras do leilão, será mais vantajoso exportar o milho negociado nos leilões do que escoar para outras regiões do país. Oficialmente, no entanto, o objetivo do governo é facilitar o escoamento no mercado interno.

Para receber prêmio da Conab – que varia de R$ 2,52 a R$ 6,84 por saca, dependendo da região da negociação – o comprador não pode transferir o produto para os estados do Sul, Sudeste (exceto norte de Minas e Espírito Santo) Centro-Oeste, nem para Bahia, Maranhão, Piauí, Ron­dônia, Sergipe e Tocantins. So­­bram os cinco estados mais distantes do Nordeste e do Norte, com regiões consumidoras que ficam a mais de 2 mil quilômetros do Paraná e a mais de 1 mil de Mato Grosso.