As pessoas que apregoam os benefícios do consumo de produtos cultivados naturalmente não vão ficar muito satisfeitas com um novo estudo que afirma que eles não são muito mais saudáveis que os produzidos de forma convencional.
Na pesquisa publicada esta semana em uma revista americana, os especialistas da London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM) afirmaram que não existem diferenças importantes entre os alimentos orgânicos e os produzidos de maneira convencional.
“Foi encontrado um pequeno número de diferenças no conteúdo de nutrientes entre cultivos e gados controlados organicamente e os de maneira convencional”, declarou o dr. Alan Dangour, principal autor do estudo. “Mas é pouco provável que tenham alguma importância na saúde pública”, continuou.
“Nossa pesquisa indica que atualmente não há nenhuma prova que apoie a escolha de comida produzida organicamente sobre a produzida convencionalmente com base em sua superioridade nutritiva”, acrescentou.
Os alimentos orgânicos, ou seja, os que não levam aditivos e são produzidos sem produtos químicos, como fertilizantes ou agrotóxicos, e sem modificações genéticas se multiplicaram nos últimos anos nos supermercados.
Mas são geralmente mais caros que os alimentos normais e, por isso, também sofreram duramente o impacto da crise econômica, que faz com que os consumidores pensem duas vezes antes de pagar mais por verduras cultivadas organicamente ou outros produtos similares.
O estudo, encomendado pela Agência Alimentar (FSA) britânica e publicado no American Journal of Clinical Nutrition, ameaça atingir novamente em cheio o lobby da comida orgânica.
Mas seus defensores destacam outros benefícios dos produtos desse tipo, em particular para o meio ambiente.
“A agricultura e o gado orgânicos são uma aproximação integral e integrada que conserva as terras e a biodiversidade, reduz a eliminação de nitrogênio dos gases de efeito estufa, e proporciona mais rendas ao produtor”, afirmou Andrew Lee, da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável.
“E, para arrematar, provavelmente é mais saudável”, acrescentou em carta publicada no jornal The Guardian.
Molly Connisbe, da Associação Terra, assinala que as fazendas orgânicas têm em média 30% a mais de espécies, e 50% a mais de pássaros, borboletas e abelhas.
“Outros benefícios para o meio ambiente são evidentes. Há menos lixo tóxico nas fazendas orgânicas e quase não são usados pesticidas. O adubo com nitrogênio artificial é proibido na produção orgânica, ou seja, há menos perda de nutrientes”, explicou.
O estudo britânico revisou todos os estudos publicados nos últimos 50 anos sobre o conteúdo nutritivo e as diferenças para a saúde de ambos os produtos.