Maior cooperativa agrícola da América do Sul, a Coamo, com sede em Campo Mourão, no noroeste do Paraná vai converter quase toda sua área plantada de soja e milho em lavouras transgênicas nesta safra 2011/12, cuja semeadura na área de atuação do grupo deverá começar a ganhar força no último trimestre.
Conforme José Aroldo Galassini, presidente da cooperativa, a decisão foi tomada porque os prêmios pagos pelos grãos convencionais não vem compensando os ganhos de produtividade conferidos por novas variedades transgênicas lançadas no mercado brasileiro.
No caso da soja, da área total de 1,618 milhão de hectares que os cooperados da Coamo deverão plantar na nova temporada, 93% serão de variedades geneticamente modificadas. No ciclo passado (2010/11), esse percentual foi bem menor – 68% de uma área 1,1% menor que a prevista agora (1,636 milhão de hectares).
Já a área de milho da cooperativa deverá somar 187 mil hectares, 11,5% mais do que na temporada passada. “Decidimos por esse aumento porque os preços do grão estão rentáveis. Além disso, precisamos rotar cultura para prevenir pragas e doenças na lavoura”, diz Galassini. Assim como ocorrerá com a soja, 93% do cultivo do milho será de variedades geneticamente modificadas, ante fatia de 70% da temporada anterior.
Os níveis de adoção de transgenia na Coamo estão acima da média nacional. De acordo com levantamento da consultoria Céleres, em torno de 82,7% da área de soja do país na safra 2011/12 será cultivada com sementes modificadas, ante 76,1% na temporada 2010/11. No caso do milho serão 54% das lavouras, ante 44,5% do ciclo passado. Para o cultivo de milho de inverno, cujo plantio acontecerá no primeiro trimestre de 2012, o índice pode chegar a 80,4%, ante 74,9% na última temporada, de acordo com projeções da consultoria.
A adoção de transgênicos na área de influência da Coamo também ficará acima da média do Paraná. A Organização das Cooperativas do Estado (Ocepar) estima que a área paranaense de organismos geneticamente modificados (OGMs) representará cerca de 90% do cultivo total de soja, ante 83% na safra 2010/11.
A Coamo começará neste mês as negociações com os clientes europeus que consumiam quase 100% das soja convencional produzida pela cooperativa. A ideia, diz Galassini, é converter o contrato para fornecimento de grãos transgênicos. “Não há mais volta. As sementes estão compradas e são OGMs”.
Galassini afirma que o prêmio que vinha sendo pago pela soja convencional estava entre 5% a 6% do valor do produto e não estava compensando o ganho de produtividade trazido pelas variedades transgênicas. Para a safra 2011/12, afirma ele, as sementes novas de soja OGM oferecem produtividade até 25% maior. “Vamos sair do patamar de 120 sacas por hectare para 150 sacas”, calcula o dirigente.
Galassini estima que em torno de 85% do consumo de soja na Europa já seja de grãos transgênicos. De uma forma geral, afirma, está cada vez mais difícil deixar de cultivar OGMs. “Quase não há lançamento de variedades convencionais, o que as torna ainda mais defasadas. Por outro lado, há cada vez mais novas sementes transgênicas e mais produtivas”, afirma ele.
A Coamo espera que a conjuntura de preços internacionais elevados para milho e soja e a melhor produtividade nas lavouras ajudem a ampliar seu faturamento. Conforme o presidente do grupo, a receita deve subir para entre R$ 5,2 bilhões e R$ 5,4 bilhões em 2011, ante R$ 4,8 bilhões em 2010.