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Mais um mês de queda das commodities

Tendência de acomodação dos preços internacionais das commodities agrícolas em patamares mais baixos volta a dar o tom em novembro.

Mais um mês de queda das commodities

As cotações da maior parte das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior confirmaram as expectativas e voltaram a perder sustentação neste mês de novembro, aprofundando uma tendência de acomodação em patamares menores que deverá marcar esses mercados em 2013.

As incertezas que pairam sobre a economia global, irradiadas sobretudo pela difícil recuperação americana, pelas fragilidades europeias e pela desaceleração chinesa, voltaram a exercer pressão baixista por seus reflexos sobre a demanda, ao mesmo tempo em que o fluxo de oferta de alguns produtos ganhou corpo e tranquilizou os compradores, amplificando as retrações.
 
Segundo cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) de produtos negociados nas bolsas de Chicago (soja, milho e trigo) e Nova York (açúcar, café, cacau, suco de laranja e algodão), apenas cacau e suco não recuaram em novembro (a média do mês foi fechada no dia 29) sobre outubro, mas as altas foram pequenas.

Com as novas quedas observadas, as cotações de soja e milho, que acusam os efeitos do escoamento das safras do Hemisfério Norte – apesar da quebra nos Estados Unidos – e das boas perspectivas para a produção na América do Sul, voltaram aos níveis de junho, enquanto o trigo desceu ao degrau de julho, o que também foi observado no mercado de algodão na bolsa de Nova York.

Mas as sangrias de maior destaque continuam a ser as de café e açúcar. Com a “ajuda” das ofertas do Brasil nos respectivos mercados, as cotações de ambos fecham novembro com as menores médias mensais desde meados de 2010 – junho e agosto daquele ano, respectivamente.

Para Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, os preços das commodities já atingiram seu pico e devem mesmo entrar em uma volátil espiral de queda não só nos próximos meses, mas nos próximos anos. Como informou o Valor Pro, segundo ele os mercados de matérias-primas tendem a se ajustar a um cenário de menor crescimento econômico mundial, com os países desenvolvidos praticamente estagnados desde a crise de 2008 e o freio chinês.

“De modo geral, os fundos de investimento estão perdendo o apetite pelas commodities, pois não acreditam mais no discurso de crescimento da demanda”, afirma Silveira. Segundo ele, o excesso de liquidez ajudou a segurar os preços das commodities “de forma até artificial” por algum tempo, “mas a tendência de acomodação é clara”. “O mundo vai crescer pouco nos próximos anos”.

Impulsionadas pela demanda chinesa e o excesso de liquidez no mundo, as commodities em geral começaram a subir com força a partir de 2003 e, nos cinco anos seguintes, reverteram a queda acumulada ao longo de todo o século 20. Os índices de commodities sofreram queda abrupta em 2008, com o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, mas voltaram a subir a partir de 2010. Mas muitas deles, particularmente os de agrícolas, mantêm-se em níveis historicamente elevados.

Prova disso é que a soja, por exemplo, alcançou sua média mensal recorde em Chicago em setembro passado, catapultada pela estiagem que prejudicou a safra 2012/13 nos EUA. Em relação a essa máxima, a média de novembro foi 13,9% inferior. No milho, a maior média mensal da história foi registrada em agosto deste ano, também sob a influência da seca americana, e em relação a ela o resultado deste mês é 8,1% inferior.

Conforme o Valor Data, os contratos futuros de segunda posição de açúcar, cacau, algodão e café atingiram suas médias mensais máximas no primeiro semestre de 2011 – janeiro, fevereiro, março e abril, respectivamente. Na comparação com esses picos, a média de novembro do açúcar em Nova York cai 34,9%, a do cacau 29,1%, a do algodão 63,1% e a do café 45,7%. Nos mercados de suco e trigo, os recordes de alta são mais antigos. Na bebida, de dezembro de 2006; no cereal, de março de 2008.

Para o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Oliveira Silva, o atual nível de preços do produto já está a um ponto de afetar a sustentabilidade da cafeicultura mundial. “A cafeicultura de montanha brasileira está ameaçada”, afirmou ele ao Valor em evento realizado na Bahia.

Mesmo com o aumento da pressão baixista em outubro e novembro, os grãos ainda apresentam valorizações acumuladas consideráveis neste ano e nos últimos 12 meses. Em Nova York, contudo, açúcar, café, cacau, suco e algodão apresentam quedas quase generalizadas nas duas comparações. O cacau quebra a regra porque a média de novembro é superior à de dezembro de 2011.