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Mapa admite liberar uso do glifosato na soja

Técnicos vão sugerir ao CTA aplicação do produto nas lavouras geneticamente modificadas no período pós-emergente.

Da Redação 15/10/2003 – 04h58 – Menos de uma semana depois de ter proibido o herbicida glifosato, utilizado nas lavouras de soja transgênica, o Mapa admitiu ontem a possibilidade de liberar o produto. Segundo o diretor do Departamento de Defesa em Inspeção Vegetal, Gerabes Evangelista, os técnicos vão sugerir a possibilidade de uso do produto em soja geneticamente modificada no período pós-emergente, isto é, nos caules e folhas que já tiverem brotado.

A previsão é que isso ocorra na próxima semana na reunião do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), com representantes dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.

A soja transgênica é resistente ao herbicida, “mas para torná-la competitiva, é preciso usar o glifosato”, afirmou. Hoje só é permitido o uso antes de as sementes germinarem. Em encontro com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no Palácio do Planalto, o governador Germano Rigotto pediu a liberação do herbicida. “É complicado”, falou, o governo ter assinado a MP 131, liberando o plantio na safra 2003/2004, e proibir o uso do glifosato.

O governador destacou que Dirceu não sinalizou uma posição do governo sobre o assunto. Evangelista crê que “a autorização seria uma medida emergencial”, complementar a MP. Ontem, o secretário de Agricultura, Odacir Klein, encaminhou ofício ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, defendendo a liberação, mesmo que provisória, de herbicidas à base de glifosato para uso das lavouras pós-emergentes.

Klein alerta para a capacidade limitada do RS com a falta de técnicos para fiscalizar o comércio e o uso de agrotóxicos fitossanitários. Representantes do setor sementeiro pediram ao relator da MP 131, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que inclua no texto permissão para multiplicação de variedades transgênicas desenvolvidas por empresas nacionais como a Embrapa e a Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico (Coodetec).

Conforme o diretor executivo da Abrasem, José Rodrigues, “Embrapa e Coodetec têm mais de 40 cultivares desenvolvidas, mas falta o registro do Mapa”. O representante no Brasil da FAO, José Tubino, disse na terça-feira que a liberação dos transgênicos não resolverá o problema da fome no mundo, mas que a FAO e a ONU recomendam o respeito ao princípio da precaução. Ontem a Assembléia Legislativa do PR aprovou por 36 votos a 12 projeto proibindo cultivo, manipulação, importação, industrialização e comercialização de transgênicos no Estado.