Na tentativa de tranquilizar os produtores de aves gaúchos e catarinenses, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, disse que o subsídio ao frete para o transporte do milho do Centro-Oeste para estes Estados será votado na próxima terça-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A garantia foi dada após almoço com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, na terça-feira, no qual o cardápio incluiu a crise na avicultura. Assim, o governo federal quer reforçar o envio de caminhões transportando o produto, que hoje chega a 80 veículos por semana quando o ideal seria 200. O valor do frete subsidiado poderá chegar a R$ 4,90 a saca.
Mas as medidas previstas pelo ministério não param por aí. Serão escoadas 300 mil toneladas de milho para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até dezembro, por meio de leilões, ao preço de R$ 21 a saca para até 27 toneladas por mês por produtor. E mais: estuda uma nova linha de financiamento para criadores descapitalizados, a exemplo dos suinocultores. Caso as ações não sejam suficientes para estancar o problema, o ministro reforçou que novas medidas poderão ser adotadas, entre as quais novas liberações do grão. As informações partem do jornal ZERO HORA.
Confira trechos da entrevista exclusiva concedida ao Grupo RBS por Mendes Ribeiro, que completa nesta quinta-feira um ano à frente do ministério.
Agência RBS – Uma das medidas anunciadas pelo Ministério da Agricultura foi o subsídio ao transporte do milho do Centro-Oeste para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Quando esse produto começa chegar?
Mendes Ribeiro – Eu quero dizer que esse milho já está chegando. Talvez não esteja chegando na quantidade e na agilidade que nós pretendemos que chegue, mas todo o pequeno e médio produtor irá receber o milho. Não faltará milho.
É preciso normalizar a questão do transporte, que sofreu um baque no que diz respeito a todo o movimento que ocorreu no país.
Agência RBS – Qual a quantidade que está sendo destinada aos produtores destes Estados?
Mendes – Estamos fazendo chegar a Santa Catarina 100 mil toneladas, como também ao Rio Grande do Sul, e providenciamos mais 200 mil toneladas, além de garantir o preço de R$ 21 a saca, o que atende ao pequeno e ao médio produtor.
Junto com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estamos atentos para que as 27 toneladas cheguem ao produtor. Isso vai acontecer gradativamente. Agora, percebemos também que já existe uma curva ascendente no que diz
respeito ao preço da carne. Notamos, inclusive, um crescimento do preço da carne acima do aumento do milho. Estamos atentos para que não se crie um processo inflacionário.
Agência RBS – Então, não há desabastecimento de milho?
Mendes – Não. Os estoques estão de acordo com aquilo que nós esperávamos que fossem. Não vamos ter problema de milho, de abastecimento no Brasil. E, agora, com a entrada da safra, naturalmente as coisas se normalizam.
Mendes – Ele vai receber esse milho do Centro-Oeste. O número de caminhões vem crescendo gradativamente. Está se normalizando. O presidente da Conab (Rubens dos Santos), inclusive, se deslocou para o Centro-Oeste para comandar
essa operação.
Agência RBS – As ações da Agricultura, então, estão focadas no pequeno e no médio produtor?
Mendes – Sim, estamos tendo este cuidado. Existe uma certa especulação e estamos vendo como e de que forma intervir. O ministério está tomando todos os procedimentos para chegarmos a tempo. E vamos fazer isso. É determinação da
presidente Dilma (Rousseff). Nós precisamos ter um equilíbrio. Ninguém é contra os grandes ou os médios, quero deixar bem claro. Eu não posso é permitir que o subsídio chegue a quem não precisa. Porque se eu permitir que estamos atentos a isso.
isso ocorra, esse subsídio não chegará a quem realmente necessita. Nós estamos atentos a isso.
Agência RBS – O aumento do preço do frango ao consumidor, como o senhor ponderou, é considerado inevitável. O governo federal, em especial o Ministério da Fazenda está atento aos reflexos desta alta e o seu impacto na inflação?
Mendes – Estamos discutindo com o Ministério da Fazenda todas as ações que podemos tomar para estarmos à frente dos problemas.
Agência RBS – O senhor esteve reunido justamente (terça-feira) com a Fazenda para tratar esta questão do subsídio ao frete. Quando o senhor terá uma posição mais concreta?
Mendes – Tratamos isso com a Fazenda e já planejamos que isso entre na reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN) prevista para a próxima terça-feira, pois está autorizado pela Fazenda. As ações estão viabilizadas para que possamos atender o produtor.
Agência RBS – A crise do setor avícola já chega na indústria com a demissão de funcionários. Essa crise não pode comprometer a balança comercial?
Mendes – Não afetará. Nós temos todas as questões que dizem respeito as exportações acompanhadas diariamente com o Ministério do Desenvolvimento. Não perdemos um passo se quer. E elas tem se mantido como de costume. Tanto no
setor da carne quanto no setor de grãos.