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Mercado das commodities

<p>Ainda que com grande volatilidade, as cotações dos grãos deram continuidade, em junho, à recuperação iniciada em março no mercado internacional.</p>

Da Redação 01/07/2005 – Ainda que com grande volatilidade, as cotações dos grãos deram continuidade, em junho, à recuperação iniciada em março no mercado internacional. Com isso, os contratos futuros de soja, milho e trigo negociados na bolsa de Chicago encerraram o primeiro semestre do ano em alta, contrariando a expectativa pessimista para os preços que dominava o mercado no fim de 2004. Grão com maior volume de papéis negociados em Chicago, a soja, pela ação dos fundos, foi vital para as variações de milho e trigo, ainda que o clima americano tenha tido influência direta também para os rumos dessas duas culturas, e não só para a soja.

Segundo cálculos do Valor Data com base nos contratos futuros de segunda posição de entrega, o valor médio da soja, apesar do tombo desta quinta-feira, alcançou US$ 6,9675 em junho, 9,17% mais que a média de maio. Em relação à média de dezembro de 2004, o salto chega a 29%. Na média deste primeiro semestre, contudo, a queda na comparação com o preço médio dos primeiros seis meses do ano passado ainda chega a 31,41%. Esta relação semestral negativa é apontada como um dos fatores que deflagaram a crise de renda observada no Brasil nos últimos meses, que culminou com o “tratoraço” em Brasília.

No caso das oscilações de junho, Renato Sayeg, da Tetras Corretora, observou que o mês foi “dividido” em duas partes: um início marcado por expressiva valorização, que estimulou inclusive o avanço da comercialização da safra brasileira, e um final de novas retrações – motivadas por chuvas no Meio-Oeste e realização de lucros por parte de fundos – que poderão levar à novas paralisação de fábricas esmagadoras do grão no país em julho. O “mercado de clima” deve perdurar em Chicago em julho, mas com novos ingredientes. Como ressaltou a Agência Rural, ontem (dia 30) o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reduziu sua estimativa para a área plantada no país em 2005/06 para 29,667 milhões de hectares, e a aquecida demanda por soja americana, que se refletiu em estoques menores que os previstos.

No Brasil, os altos e baixos da soja são acompanhados de perto, mas as atenções também estão focadas no câmbio. Segundo analistas, a apreciação do real em relação ao dólar prejudica negócios e também influenciou a manutenção em US$ 8,005 bilhões, por parte da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), da projeção para as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) em 2005. Em 2004, foram US$ 10,048 bilhões.

“É também o câmbio o principal limitador para as exportações brasileiras de milho neste ano. Tivemos quebra de safra no Sul do país, mas em 2002, mesmo com escassez, o câmbio favorável estimulou os embarques do país”, lembrou Leonardo Sologuren, da Céleres. Sobre os preços em Chicago, o analista afirma que, para o milho, o clima nos EUA em julho é ainda mais importante do que para a soja, já que as lavouras do país estarão em plena floração.

Em junho, segundo o Valor Data, o preço médio atingiu US$ 2,3125 por bushel em Chicago, 6,96% mais que a média de maio. Na comparação com a média de dezembro de 2004, a alta chega a 10,63%. Mas o preço médio do primeiro semestre foi 26,82% menor que o de igual período de 2004. Quando o mercado de clima acabar e se nenhuma grande quebra nos EUA for projetada, pesará no mercado a expectativa de alta dos estoques daquele país.

As cotações do trigo pegaram carona nos dois grãos mais negociados e atingiram, em junho, uma média 3,39% maior que em maio. Sobre dezembro de 2004, a alta chega a 9,5%, mas na comparação entre as médias semestrais há baixa de 16,05%. “Estamos em época de colheita da safra de inverno dos EUA. Ou seja, a pressão sobre as cotações deveria ser maior, mas o mercado está seguindo soja e milho”, afirmou Aldo Lobo, da Safras&Mercado.

Entre as commodities agrícolas negociadas em Nova York, as emoções foram menores em junho. A maior variação (negativa) foi a do café, cujo preço médio ficou 5,44% abaixo de maio. Mas, sobre dezembro de 2004, há salto de 44,28%, e na comparação dos primeiros semestres, de 57,64%. “A queda de junho foi muito influenciada pela rolagem de contratos, mas os preços devem se recuperar”, afirmou Sergio Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes.

No caso do açúcar, conforme Julio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento, houve no mês passado a manutenção de níveis relativamente elevados das cotações. Suco de laranja e cacau, por sua vez, voltaram a subir, depois da queda de maio último.