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Mercado de milho passa por modificações

Cereal pode vir a ser tratado como a soja, uma commodity de exportação.

Da Redação 30/04/2003 – O abastecimento de milho no Brasil continua preocupando. Com cerca de 80% da colheita já concluída, as incertezas se concentram agora sobre a safra de inverno, cujo plantio já está praticamente concluído. O mercado interno segue lento, com poucos negócios. Apesar da safra, as cotações devem seguir firmes no curto prazo. As apostas das duas pontas do mercado configuram um jogo arriscado. De um lado, os produtores retêm a oferta, à espera de preços mais remuneradores. De outro, os compradores permanecem com compras pouco agressivas, apostando no bom desempenho da safrinha e na queda dos preços no segundo semestre.

Safrinha – Preocupado com a safrinha, o governo anunciou em fevereiro uma série de medidas de apoio ao setor, como leilões de contratos de opção de venda, para oferecer uma sinalização de preços aos produtores, estimulando o aumento da safrinha e limitar exportações. Por isso, os preços de exercício foram estipulados levando-se em conta a paridade de exportação. Mas o desempenho dos primeiros leilões foi fraco. Do total de 18 mil contratos ofertados no primeiro leilão, no dia 21 de março, apenas 18% foram negociados. No leilão do dia 4 de abril, houve ligeira melhora, com negociação de 30% dos contratos. Nos dois casos, apenas MT teve boa procura, com 100% dos contratos negociados.

Nos demais Estados, como SP, o interesse foi praticamente nulo. O governo adiou o leilão inicialmente agendado para 11 de abril, informando a necessidade de recalcular os preços de exercício – R$ 20 para Sul e Sudeste; R$ 15,90 para MT e R$ 17,90 para os demais Estados do CO – fixados para junho, por causa da valorização do real.

O mercado vive um momento de transição. O suprimento interno não depende mais apenas dos estoques de passagem e da produção nacional, como no passado, mas também das importações e exportações. Nesse cenário, duas novas variáveis – taxa de câmbio e cotações internacionais – passam a ter peso no mercado interno. Foi o que ocorreu em 2002, quando a forte desvalorização do real estimulou as vendas externas. Com isso, a possibilidade de exportação alterou os preços no mercado interno, que passou a ter a paridade de exportação como referência de preços.

Esses fatores, aliados ao aumento da demanda no Centro-Oeste com o avanço da avicultura e suinocultura, têm resultado no descolamento dos preços com o PR. As cotações em Rio Verde (GO), por exemplo, têm se mantido firmes, em resposta à maior demanda local e também do Nordeste. No PR, há maior influência da paridade de exportação. Diante disso, a expectativa é a de que o milho possa efetivamente ganhar características de um produto de exportação, como a soja, garantindo melhores condições aos produtores.