Redação (22/09/2008)- Em torno de 50% da safra de soja no Estado de Minas Gerais é transgênica. A informação, pouco ou nada familiar ao consumidor, é do pesquisador da área de soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Neylson Arantes.
Apesar de a lei de biossegurança existir há 12 anos, os transgênicos ainda dividem a opinião de especialistas e sociedade: os que são a favor acreditam que os alimentos geneticamente modificados são um avanço necessário em um contexto de produção insuficiente e demanda mundial por alimentos crescente.. De outro lado, os contrários à tecnologia defendem que os produtos representam uma ameaça à saúde humana e que não existem estudos que comprovam a total confiabilidade.
Independentemente dos posicionamentos, o fato é que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberou na última semana mais quatro tipos de transgênicos: dois de milho, um de algodão e uma vacina animal. O pesquisador e vice-presidente da CTNBio, Edilson Paiva, esteve na reunião e avalia a situação atual do Brasil. "A legislação de biossegurança no Brasil foi muito boa no sentido cientifico, mas um caos no sentido político, as pessoas não sabem o que está acontecendo". Paiva acredita que o Brasil ainda está muito atrasado.
Segundo ele, as culturas aprovadas agora já são consideradas antigas nos Estados Unidos. Com a liberação recente, o Brasil passa a contar com nove culturas transgênicas e três vacinas animais. Para os pesquisadores, o desenrolar dos processos ainda é demorado e burocrático, mas vem avançando ao longo dos últimos anos.
"A legislação brasileira permite pesquisas em condições especiais, mas o processo é muito burocrático, principalmente para pesquisa em campo. As pessoas questionam a segurança desses produtos. O custo para testar um novo transgênico é de mais de US$ 1,5 milhão, o rigor é muito alto", afirma Arantes, da Embrapa.
As pesquisas são feitas no Triângulo Mineiro e, segundo o pesquisador, a variedade transgênica chamada "Valiosa" é a mais vendida no centro do país. O produto foi desenvolvido pela Empresa Mineira de Pesquisa Agropecuária (Epamig).