Redação (09/10/2008)- As previsões acerca das exportações do milho brasileiro no mês de setembro já eram pessimistas. Mas os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea Esalq/USP) são ainda mais. Apenas 274,3 mil toneladas do grão deixaram o país no último mês. Volume 6,2% menor que o registrado em agosto e 79,6% abaixo do embarque do mesmo período do ano passado.
E a expectativa de outrora de embarcar em 2008 as mesmas 11 milhões de toneladas de 2007, não deve ser nem de longe correspondida. Na melhor das hipóteses, acreditam os analistas de mercado, o Brasil deve exportar seis milhões de toneladas – a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é um pouco mais otimista, segundo balanço divulgado ontem, o órgão acredita que o setor vai embarcar 7,5 milhões de toneladas. Até agora foram 3,47 milhões, acumulado 44% menor que o do mesmo período do ano anterior.
Diante desses números e restando apenas três outros meses nada promissores, Paulo Molinari da Safras e Mercado, acredita que os estoques de passagem do grão deve ser recorde. Previsão que a Conab assina em baixo. De acordo com o mesmo balanço divulgado pela companhia, o Brasil deve entrar no ano de 2009 com 13,71 milhões de toneladas estocadas. O maior estoque de passagem já registrado até então foi em 2004, quando o país acumulou 7,8 milhões de toneladas do grão. No ano passado, ainda segundo a Conab, o estoque de passagem foi de 6,6 milhões de toneladas.
"Todos esses números só refletem uma situação ainda mais complicada do que a que nós prevíamos. Na bolsa de Chicago é uma baixa todo dia. Essa crise de crédito e de confiança está avançando pelo campo. O Brasil não é uma ilha econômica, e o agronegócio aqui vai sofrer as conseqüências dessa mundialização da economia", analisa Molinari.
Para amenizar pelo menos o problema da baixa no volume das exportações, o produtor de milho se agarra na valorização do dólar. Mas de acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Odacir Klein, o setor ainda enfrenta uma lista de dificuldades, no topo dela estaria a antecipação de contrato de câmbio (ACC).
"Com excedentes exportáveis nós temos que procurar abrir mercados, e o Canadá é uma possibilidade", vislumbra Klein. Mesmo não produzindo milho suficiente para o consumo, o Canadá já empenha parte dessa produção para abastecer o mercado de etanol. Por lá as importações do grão são só de origem americana.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho), Nelson kowalski, aposta na reposição dos estoques mundiais do grão, que no ano passado sofreram redução histórica de cerca de 30%. Mas não descarta a alternativa já ventilada de procurar novos mercados. "Precisamos sair à caça de mercados emergentes, e concentrar nossas forças na China, que deixou de ser exportador".