Redação (17/05/07) – "A probabilidade de ser aprovado é de 100% pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer o avanço da Biotecnolgia’’, estima a coordenadora do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Alda Lerayer.
A semente transgênica foi aprovada nessa quarta-feira por 17 votos contra cinco, dos 23 membros presentes. O colegiado da Comissão é formado por 27 membros. Essa decisão é considerada técnica porque reúne apenas especialistas da área de biotecnolgia, como cientistas.
A reunião entre os 11 ministros deve acontecer nos próximos 15 dias, depois que a decisão da CTNBio for publica no Diário Oficial da União . Os ministros têm até 90 dias para deliberarem sobre a decisão dos membros da CTNBio em relação ao milho da Bayer – cuja semente deve ser cultivada apenas no segundo semestre de 2008, conforme a expectativa da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). Depois de aprovado pelos ministros, o documento será encaminhado ao Ministério da Agricultura que terá o papel de fazer o registros para autorizar a multiplicação das sementes.
Mesmo que a tecnolgia da semente do milho seja defasada em relação aos genes aplicados atualmente em outros países, como Argentina e Colômbia, que já possuem dois genes juntos na mesma planta – o gene com resistência a insentos ou tolerante a herbicida – os produtores rurais acreditam que poderão reduzir em cerca de 20% do custo de produção do milho.
A semente aprovada tem um único gene, que é o primeiro da geração do milho transgênico, tolerante ao herbicida que tem poder de controlar as plantas invasoras, ervas daninhas que competem com o milho no campo. "Com isso, os produtores vão dimuir mais 50% o uso de herbicida. Além disso, vão substituir herbicidas mais tóxicos por mais brandos, trazendo beneficios ao meio ambiente’’, disse o presidente do Clube Amigos da Terra do município de Tupancieretã, Rio Grande do Sul, Almir Rebelo de Oliveira. Segundo ele, esse município é o maior produtor de soja do Estado gaúcho. "Esperamos que se multipliquem as sementes o quanto antes para que sejam liberadas para o produtor rural’’.
Ele explica que o produtor poderá reduzir o custo do milho em no mínimo 20%, porque a semente vai facilitar o manejo das lavouras, reduzindo o número de atividades e melhorar a qualidade do produto. Além disso, a semente vai proporcionar eficiência na utilização das máquinas e reduzir a mão-de-obra.
"A semente poderá elevar a produtividade do grão, pois ficará livre das plantas invasoras". Com isso, o milho vai aproveitar mais os nutrientes da plantas e a umidade do solo, pois não haverá a competição das plantas invasoras.
Apesar de defasada, a presidente do CIB diz que o importante é ter vencido a "barreira" criada por grupos contrários aos organismos geneticamente modificado (OGMs). O milho da Bayer estava na pauta de votação da CTNBio desde 1998.
Para o vice-presidente da CTNBio, Edilson Paiva, o resultado já era esperado, porque há anos o projeto já era discutido. "Foi um parto difícil, mas foi normal’’, disse Paiva. O próximo item a ser aprovado deve ser o milho da Monsanto resistente a insetos. Segundo Oliveira, a "moratória’’ aplicada à biotencologia do Brasil há quase uma década está causando prejuízo ao campo de US$ 6,174 por minuto, US$ 9 milhões por dia, e US$ 3,2 bilhões ano.