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Milho de alta produtividade chega a render mais que soja

Safra de verão do grão em bolsões de excelência do Paraná tem lucratividade 40% maior e ainda beneficia solo para oleaginosa.

Milho de alta produtividade chega a render mais que soja

A alta do preço do milho depois da quebra de safra nos Estados Unidos dá a chance de o produtor paranaense ter um lucro superior ao da soja, por hectare, na colheita de verão. Estimativa do consultor Beto Xavier, da corretora de cereais Betoagro, aponta que o agricultor pode conseguir até 40% mais dinheiro em caixa com o milho do que com a soja nos próximos dois meses, desde que com um plantio de alta tecnologia. Ainda, a rotação de culturas garante uma renovação maior do solo, o que beneficia também a soja.

Xavier aponta a necessidade de colher 180 sacas de milho por hectare para que o lucro seja superior ao de 55 sacas por hectare de soja. Porém, a média no Paraná é de 120 sacas por hectare, segundo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab). Para chegar ao resultado 50% maior na safra de verão é necessária alta adubação, sementes de alto potencial e plantio na época correta.

Pelas contas do consultor, o produtor que entregar a safra de milho nos meses de fevereiro e março pode conseguir preço de até R$ 28 por cada uma das 180 sacas, o que rende R$ 5.040 por hectare. Ele estima um custo em R$ 2,4 mil, o que dá R$ 2.640 de lucro. No caso da soja, Xavier afirma que 55 sacas por hectare a R$ 59 geram receita de R$ 3.245, ao gasto de R$ 1,4 mil. Neste caso, o lucro é R$ 1.845. “É preciso lembrar que isso vale apenas para produção (de milho) de alta tecnologia”, diz.

Na região de Londrina, a Integrada Cooperativa Industrial informa que agricultores de Mauá da Serra, Apucarana e Tamarana têm condições de contar com 180 sacas por hectare de milho no verão. Isso em áreas acima dos 700 metros do nível do mar e que facilitam o plantio de maior qualidade, segundo o gerente técnico da Integrada, Irineu Baptista. “É uma estimativa (do consultor) dentro da realidade, sem contar que o preço da soja deveria já ter caído nesta época, o que não aconteceu.”

Tão relevante quanto a lucratividade para Baptista é a necessidade de se usar o plantio do milho como rotação de cultura à soja. Ele considera pequena a previsão para a safra de verão na região de Londrina porque a maioria dos produtores plantou soja em 100% do espaço, quando 20% deveria ficar para o milho. “Eles poderiam manter uma rentabilidade boa por causa desses preços e aumentariam a matéria orgânica do solo, o que beneficia a próxima safra de soja.”

Liquidez – Engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Juliana Yagushi faz a ressalva de que a média da produção de milho no Paraná é de 120 sacas por hectare, com preço de janeiro fechado ontem em R$ 25,84. Isso equivale a uma receita de R$ 3,1 mil por hectare, ao custo de R$ 2.317. O lucro, na média do Deral, é de R$ 783. Para a soja, ela usa média também menor, de 50 sacas por hectare, ao preço de janeiro de R$ 58,91. O rendimento é de R$ 2.945, com custo de R$ 1.773 e lucro de R$ 1.172. “Mas para quem produz 180 sacas, realmente seria mais lucrativo”, diz.

Ela afirma ainda que a plantação de soja é mais resistente do que a de milho e tem maior liquidez, ou seja, é facilmente vendida. “Hoje é que o milho tem esse mercado de exportação, principalmente depois da quebra de safra nos Estados Unidos. Resta saber se vai se manter.”

Segundo a engenheira agrônoma, a média de preços do milho foi de R$ 15,40 por saca em 2010, de R$ 22,41 em 2011 e de R$ 23,52 no ano passado, quanto teve pico de R$ 27. “Acredito que não deve cair ao nível de 2010, mas ficar parecido com o de 2012. Depende da previsão da colheita nos EUA, que sai até junho.”

No entanto, o gerente técnico da Integrada afirma que o milho passou, sim, a ser um produto de alta liquidez. Baptista diz que, além da exportação, há demanda interna crescente pela necessidade do farelo para a indústria pecuária. “Soja é considerada dinheiro na mão, mas o milho hoje tem um giro muito rápido e aumenta a produtividade do solo”, conta.