Da Redação 13/03/2003 – Pela primeira vez, os preços do milho na região Centro-Oeste do país estão acima dos praticados no Sul. A menor oferta na região em relação a anos anteriores, o aumento da demanda local e o esgotamento dos estoques oficiais são as principais razões da mudança, segundo analistas.
Paulo Molinari, da Safras & Mercado, afirma que o quadro reflete “um novo ciclo de produção da soja”. Ele observa que o Centro-Oeste planta menos milho na safra de verão e semeia áreas maiores na safrinha. Este ano, com os preços convidativos da soja, a região plantou ainda menos milho no verão.
Na avaliação de Leonardo Sologuren, da Céleres/MPrado, a mudança também se deve ao fato de o Brasil ter passado a exportar milho. “As exportações do grão geraram uma nova dinâmica na formação de preços”.
Levantamento da consultoria mostra que o preço disponível está mais baixo no Sul ou igual nas principais praças de comercialização das duas regiões. No oeste do Paraná, a saca é cotada a R$ 18,50, e em Ponta Grossa, a R$ 19,50. Em Passo Fundo (RS), a R$ 20, e em Chapecó (SC), a R$ 20,50. Já em Dourados (MS), a cotação é R$ 19, em Cuiabá (MT), R$ 21,00, e em Rio Verde, R$ 20,50.
Segundo Sologuren, até pouco tempo, a produção de milho do Sul do país era suficiente para atender à própria região. Mas como o Paraná começou a exportar, algumas áreas do Sul ficaram descobertas e começaram a buscar milho no Centro-Oeste.
Molinari diz, ainda, que os estoques oficiais de milho estão zerados no Centro-Oeste, onde o consumo cresceu nos últimos anos. Além da Perdigão em Rio Verde (GO), a suinocultura também avançou na região, observa Geraldo Ornellas, da corretora Lucra.
Para uma fonte de integração, os preços firmes mostram que os produtores do Centro-Oeste estão capitalizados e, por isso, sem pressa de vender. Ele acrescenta que o recuo no plantio de milho também foi maior no Centro-Oeste. Segundo Céleres, a queda na região foi de 16,4%, para 677 mil hectares. No Sul, foi de 3%, para 3,649 milhões de hectares.
A expectativa das integrações é que os preços na região Centro-Oeste caiam à medida em que a colheita avançar. Para os analistas, porém, o quadro de preços firmes deve continuar até a safrinha. Diante da situação atual, diz Sologuren, há no mercado quem acredite que mesmo o Mato Grosso tenha de buscar milho em outras regiões. Algo pouco provável há alguns anos, quando o Estado tinha o milho mais barato do país devido à demanda pequena e à logística difícil.