Começa a debulha de milho no Cariri, penúltima etapa do processo de produção. A última é a venda no mercado. Os produtores estão comemorando, por antecipação, a produtividade e o preço. Este ano, a safra foi das melhores. “O saco de milho de 60 quilos está sendo vendido a R$ 30,00”, comemora o produtor Geraldo Macedo Gonçalves, residente no pé da serra de Jamacaru. Este preço já chegou a R$ 40,00, representando uma queda de 25%. Mesmo assim, a produção local tem influência menor no mercado, porque maioria dos estoques vem dos Estados de Goiás e Paraná.
O agropecuarista Francisco Klerton Santana, proprietário de um trator acoplado com uma máquina de debulhar milho, está entusiasmado. Ele garante que está debulhando cerca de 300 sacos de milho por dia. O preço varia de R$ 1,00 a R$ 2,00 de acordo com a quantidade a ser debulhada. Dá para faturar R$ 300,00 por dia.
Mesmo com o lucro proporcionado pela máquina debulhadora, Klerton sente saudade das debulhas de antigamente, quando toda a família se reunia na varanda da casa para retirar os grãos de milho com as mãos, ou “no cacete”, isto é, malhando as espigas com um pau. “Era uma festa alegre, comunitária. Muitas vezes, os vizinhos participavam da atividade”, lembra Klerton, ressaltando que hoje, com alta produtividade, não tem mais sentido os chamados adjuntos para a debulha. “Tem que ser na máquina mesmo”, reconhece ele.
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O Ceará vai produzir, este ano, 1,230 milhão de toneladas de grãos. Somente de milho, chega a 910 mil toneladas. Nos 28 Municípios do Cariri, serão produzidas 294 mil toneladas. A informação é do gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Adonias Sobreira, acrescentando que o maior produtor do Estado é o Município de Mauriti, que vai colher cerca de 56 mil toneladas de milho, numa área de 28 hectares, o que representa 19% da produção regional. Já o maior produtor individual do Estado é o prefeito de Abaiara, Francisco Sampaio, que vai colher quase 300 toneladas em 372 hectares. A produtividade chegou a mais oito toneladas por hectare pelo plantio direto, que compreende um conjunto de técnicas integradas que visam melhorar as condições ambientais (água-solo-clima) para explorar, da melhor forma possível, o potencial genético de produção das culturas.
Para Adonias, o bom resultado da safra de 2011 se deve, além das chuvas fartas, à qualidade das sementes distribuídas aos agricultores.
O Programa Hora de Plantar distribuiu, em 2011, cerca de 4,2 toneladas de sementes a 144 mil agricultores. De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), 70% da produção agrícola do Estado vem de pequenos produtores.
Durante a realização da Expocrato, a ser aberta domingo, será realizada de 12 a l5, uma oficina técnica sobre o tratamento de sementes de milho e sorgo, com a participação de 160 produtores rurais.
O objetivo da oficina, segundo destaca Adonias, é capacitar profissionais para o manejo adequado do milho no Sistema de Plantio Direto (SPD), apresentando técnicas mais modernas de cultivo, ensinando como praticar os princípios do manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.
Benefícios ambientais – Também vai mostrar as vantagens desse sistema para diversos cultivos, bem como seus benefícios ambientais. A meta é qualificar os produtores com aulas práticas de regulagens de plantadeiras, pulverizadores e tecnologias de aplicação de defensivos agrícolas.
Com capacitação adequada ao tipo de cultura e região, a agricultura praticada no semiárido nordestino tem melhores condições de se desenvolver. Práticas inadequadas à região pode gerar problemas de degradação ambiental, comprometendo o setor no futuro.
