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Milho no PR

Boa produção do milho expõe dificuldade de comercialização. Produtividade está em alta, mas a demanda não demonstra interesse pelo produto.

Milho no PR

Safrinha de milho recorde no Paraná combinada com o bom desempenho da temporada de verão tem evidenciado a dificuldade de comercialização do cereal. É a famosa lei da oferta e da procura. A produtividade está em alta, mas a demanda – interna principalmente – não demonstra interesse pelo produto. O resultado são preços baixos e que mal cobrem os custos de produção. O produtor tem pouca opção. Com dívida e descapitalizados, alguns acabam negociando mesmo com os valores depreciados. Analistas apontam que o mercado pode melhorar com o aumento da exportação e sugerem o armazenamento e a venda no mercado futuro.

No momento, o cenário é delicado. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) apontam que o preço pago ao produtor pela saca de 60 quilos foi em média de R$ 13,92, em junho, o que configura uma desvalorização de quase 20% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o valor estava em R$ 17,23. No meio dessa semana o preço chegou a R$ 13,33. Os valores, por sua vez, estão em patamares bem abaixo do custo de produção – que em maio estava em R$ 21,72 – e do preço mínimo de garantia, em R$ 17,46. Por outro lado, o rendimento tem sido excelente. No ciclo de verão foi 40% maior se comparado com o ano anterior e a previsão da safrinha é de um volume 43% maior.

Para Gilda Bozza, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a safra recorde marcada pelos preços baixos quebra o mito de que safra cheia é dinheiro no bolso. Pelo contrário. ‘‘O produtor de milho tem trabalhado há muito tempo no vermelho’’, reclama a economista, destacando que desde 2004 problemas como perdas na lavoura pertubam o sono dos agricultores. Na sua opinião, a médio prazo a expectativa gira em torno do aumento da exportação. ‘‘Os leilões do governo podem minimizar o problema’’, acredita.

O estímulo da exportação por meio dos leilões do governo, dentro da modalidade PEP, também é na opinião de Juliano Cunha, analista de mercado da Céleres, um alento para o setor. Ele acredita que este ano o volume exportado de milho chegue a 8 milhões de toneladas. Cunha ainda pontua que dos 12 leilões previstos para a safra atual, ainda faltam seis. Em alguns, o volume negociado chega a 1 milhão de tonelada. ‘‘A exportação tira o produto do mercado e pode aumentar o preço local’’, avalia.

Além dos leilões, Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercado, frisa que a curto e médio prazos outros fatos podem proporcionar melhora nos preços e dar fôlego ao produtor. Um deles é a recente quebra na produção de trigo na Rússia e em alguns países do leste europeu. A quebra, segundo ele, já aumentou o preço do grão no mercado internacional e pode afetar o preço do milho na bolsa de Chicago e, por consequência, mexer nos índices brasileiros. Fora isso, o plantio da próxima safra de verão ainda está indefinido por conta da incidência do fenômeno climático La Niña, que pode provocar prejuízo na lavoura.