Da Redação 09/01/2003 – Ao contrário de quando chegou, a crise no abastecimento de milho está indo embora em silêncio, depois que o produto reapareceu misteriosamente no mercado e os preços iniciaram o processo de recuo. Até agora, nem o governo nem os próprios operadores de mercado sabem de onde veio o milho, que já supre razoavelmente o mercado goiano, mas bastou que o Ministério da Agricultura anunciasse a intenção de importar o produto para que aparecesse em volume considerável.
O mais provável é que todo esse milho estivesse nas mãos de especuladores, que esperavam ganhar dinheiro extra, e de fato ganharam, na sua comercialização a conta-gotas, que acabou por gerar uma escassez artificial do produto. A hipótese da importação, entretanto, era uma ameaça concreta de reviravolta nas suas expectativas e os detentores de estoques preferiram não pagar para ver, recolocando o milho de volta no mercado, para alívio da avicultura e suinocultura.
Cotação
O vice-presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), Uacir Bernardes, diz que o milho que saiu de R$ 13,00 a R$ 13,50 a saca a prazo, para até R$ 30,00 à vista durante a crise, agora pode ser comprado a até R$ 24,00, com alguma condição para pagamento. “Ainda não se pode dizer que estamos tranqüilos, mas foi um recuo de preço importante no nosso principal insumo, que se ainda não deixa margem de lucro, pelo menos já nos permite quase empatar os custos de produção”, afirma o dirigente da AGA.
Uacir Bernardes acredita que todos aprenderam com a crise e que as empresas do setor devem fazer melhores posições em milho este ano para evitar um novo sufoco. “Ficou claro que precisamos ver com mais carinho essa questão do milho, que na verdade sempre foi o elo mais instável da cadeia produtiva”, admite Bernardes, que também trabalha com suinocultura. Ele acredita que na safra haverá uma queda natural na cotação do milho, mas nada que possa aproximar-se dos preços anteriores.
“Minha expectativa pessoal é de que a cotação do produto fique entre R$ 19,00 e R$ 21,00 a saca, tendo em vista que teremos mais um ano de oferta e demanda muito ajustadas”, diz o diretor da AGA. Segundo ele, como o custo de produção do milho deve ficar ao redor dos R$ 14,00 a saca, R$ 19,00 a saca remuneraria bem o produtor, sem inviabilizar a atividade granjeira.