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Milho sem intervenção

Apesar do preço alto, governo descarta intervir no mercado. "Vamos esperar para ver como o setor vai se comportar", diz José Carlos Vaz.

Milho sem intervenção

O preço do milho atingiu seu valor histórico recorde em 2011 e está encarecendo a criação de suínos e aves no país. A cotação da commodity, que corresponde a mais de 80% dos custos dos criadores, subiu devido à quebra da produção nos EUA e a problemas climáticos em Estados produtores brasileiros. E a tendência é que o preço continue elevado.

A cotação da saca de milho chegou a duplicar desde 2010. Em Mato Grosso saltou de R$ 7 para R$ 17 em Canarana (região leste) e R$ 18,80 em Campo Verde (sul). No Paraná, estava R$ 14 em 2010 e hoje está em R$ 24. No porto de Santos, a saca bateu em R$ 29.

A Bolsa de Chicago registrou o valor máximo histórico da commodity este ano. No fim de julho, chegou a US$ 6,67 por bushel. O ápice foi de US$ 7,87 por bushel – ou US$ 309 por tonelada. A média histórica era US$ 3,5 por bushel, ou US$ 140 por tonelada.

Diante do cenário internacional, a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) pediu ao governo algumas medidas para ajudar o produtor. A principal demanda é o subsídio ao transporte de milho (PEP) para Estados consumidores. O presidente da entidade, Pedro de Camargo Neto, diz que algumas reivindicações já saíram na reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN), em julho, como a prorrogação de dívidas e novas linhas de financiamento para suinocultores. “Este ano o milho está historicamente alto e isso gera pressão enorme nos produtores de aves e suínos. Quando o principal insumo está caro a pressão é enorme”.

Os criadores de suínos de Mato Grosso reclamam do alto custo de produção no Estado. A Associação dos Criadores (Acrismat) solicitou ao Ministério da Agricultura a realização de leilões de milho com prêmio de compra para os produtores. “O governo deve interferir e vender milho mais barato para Mato Grosso. O preço da carne caiu e o milho subiu. Está cada vez mais difícil trabalhar”, diz presidente da Acrismat, Paulo Lucion.

Apesar da alta no principal insumo dos criadores de suínos, o governo não pretende intervir a curto prazo. O ministério acompanha o preço e o embargo da Rússia, principal comprador de carne suína brasileira. “Vamos esperar para ver como o setor vai se comportar. A suinocultura nos últimos 30 dias está sensível por conta do fechamento do mercado na Rússia e o governo ajudou os produtores prorrogando o vencimento de algumas dívidas”, diz o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.

Ainda é cedo para o governo interferir no mercado, segundo Vaz, mas uma ajuda futura não é descartada. “Neste momento não vamos fazer intervenção de preço aos produtores. Estamos acompanhando a produção de milho e acreditamos que não haverá problema de abastecimento. Se o quadro agravar podemos rever os atuais parâmetros”, diz Vaz.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informa que o preço do milho está muito acima do preço médio normal. O motivo principal é a forte demanda americana e a fraca colheita de sua safra. A China também mexeu com o setor. Apesar de não ser grande importadora, deve comprar 1,5 milhão de toneladas este ano. Apesar do valor representar menos de 1% da produção mundial de milho, o mercado já prevê uma demanda futura alta do país asiático e isso se reflete nos preços.