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Milho: suprimento nacional ainda é uma incógnita

Aumento da produção brasileira pode variar entre 1 e 2,5 milhões de toneladas.

Da Redação 14/01/2003 – As expectativas para a safra 2002/03 até o momento indicam um aumento na produção brasileira, o qual pode variar de um patamar mínimo de 1,0 milhões toneladas até um máximo de 2,5 milhões toneladas de milho. Apesar de algumas consultorias privadas indicarem uma redução no plantio de milho verão neste ano em mais de 5%, tanto o IBGE quanto a CONAB indicam em suas estimativas uma redução de apenas 0,7% na área da 1 safra na região Centro-Sul. Assim, considerando as estimativas oficiais, o aumento da produção brasileira nesta safra está diretamente ligada aos futuros níveis das produtividades finais das lavouras nesta região. Ainda, a concretização de um possível aumento da safra brasileira neste ano está ainda dependendo de pelo menos três fatores muito importantes.

O primeiro fator é a concretização das estimativas de elevação da produtividade das lavouras de verão na região Centro-Sul em pelo menos 5% em relação ao ano passado, chegando a algo em torno de 4.200 kg/ha nesta próxima safra. Apesar da maior regularidade das chuvas durante as últimas semanas, o plantio do milho foi muito prejudicado na região Centro-Oeste em virtude da falta de umidade nos solos, o que provocou atrasos na semeadura e stress nas plantas na fase inicial de desenvolvimento. As altas temperaturas também trouxeram um significativo aumento da incidência de pragas nas lavouras, o que já vinha acontecendo durante as últimas safras. Por outro lado, algumas áreas da região Sul do País sofreram com o excesso de umidade nos solos, o que também influencia tanto no processo de desenvolvimento como no de polinização das plantas. Para o início do pico da colheita de milho no País ainda restam pelo menos de 30 a 50 dias, ou seja, a maior parte das áreas ainda estará por algum tempo suscetível aos efeitos do fenômeno El nio, principalmente nas fases mais críticas da cultura, como a formação e enchimento de grãos.

Um segundo fator importante é o desempenho da safrinha, a qual não tem atingido as expectativas iniciais do mercado durante os últimos anos, em virtude principalmente de problemas climáticos. E neste ano, pode não ser diferente. O atraso no plantio da soja refletirá em um conseqüente alongamento do prazo de plantio da safrinha mais uma vez. Principalmente no Centro-Oeste, os produtores tradicionais não mais arriscam a semeadura da safrinha com alta tecnologia após o mês de fevereiro, quando tecnicamente este plantio não é mais recomendado pela pesquisa, em razão da proximidade do período de inverno e recesso gradativo das chuvas. Assim, mesmo optando pelo sorgo (cultura mais resistente às instabilidades climáticas), existe uma certa tendência de que o nível de aplicação de tecnologia (principalmente fertilizantes) seja menor neste ano por parte dos produtores que não tiverem condições de plantio no período adequado. Sem dúvida, não é exagero considerar um aumento no plantio da safrinha de milho entre 10 a 15% no Brasil este ano. Mas o aumento de área não significa incremento da produção no caso do plantio em safrinha. Segundo o IBGE, por exemplo, a área colhida na safrinha de 2001/02 aumentou em 15% no Brasil, mas a produção recuou de 6,338 para 6,202 milhões ton no ano passado.

Um terceiro e último fator a ser considerado é a produção do Nordeste, a qual pode corresponder de 4% a até mais de 9% do volume da 1 safra nacional, dependendo das condições climáticas ocorridas nesta região. Potencialmente, a safra de milho no Nordeste tem condições de superar 2,5 milhões ton. Mas a concretização deste montante está ligado a uma não confirmação das expectativas dos Institutos de Meteorologia, os quais indicam menores índices pluviométricos neste ano na região Nordeste, em razão dos efeitos do El nino.