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Insumos

Milho terá 'limite adicional' de crédito

Unificação por CPF, ponto vital de reforma contido em novo plano, será alterada.

Milho terá 'limite adicional' de crédito

Menos de 15 dias após anunciar o novo Plano de Safra para o ciclo 2011/12, o governo será forçado a alterar a regra de unificação dos limites de crédito por CPF, um dos principais pontos da reforma parcial do sistema de crédito rural. O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve aprovar amanhã um voto para criar um “limite adicional” de crédito de R$ 500 mil a produtores de milho. Pelas novas regras, em vigor a partir de 1º de julho, cada produtor poderia contratar um teto máximo de R$ 650 mil.

A alteração elevará a R$ 1,15 milhão o limite máximo ao produtor de milho. A norma anterior previa tetos por cultura – entre R$ 200 mil a R$ 650 mil. Mesmo com a mudança, a região Centro-Oeste, responsável por 60% da produção da chamada safrinha de inverno, deve ser excluída do benefício.

A medida do governo busca corrigir um “desincentivo” à produção de milho, considerada uma “imperfeição” na estratégia oficial para amenizar novas pressões inflacionárias dos alimentos. A meta é impedir prejuízos ao bolso dos consumidores e medidas que arrisquem o controle da inflação, prioridade absoluta da presidente Dilma Rousseff.

Há problemas localizados com o abastecimento de milho causados pelo alto preço da commodity, cada vez mais demandada no exterior, principalmente pelo apetite da China. O preço da saca de milho em Mato Grosso, por exemplo, dobrou em relação ao ciclo anterior. A Conab estima exportações de 8 milhões de toneladas, mas consultorias avaliam vendas mínimas de 10 milhões. Isso reduziria os estoques finais para o menor volume das últimas quatro safras.

O teto único de R$ 650 mil vinha sendo criticado por produtores e especialistas porque era sinalizava ao mercado a redução da produção de milho, fundamental para as cadeias produtivas de bovinos, frangos e suínos.

O complexo carnes, sobretudo bovinos, figurou como um dos principais “vilões” da inflação no início deste ano. “Ficou muito ruim porque reduziu o crédito”, diz o presidente da Comissão de Grãos da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), José Mário Schreiner. “Pior é que não nos comunicaram nada. Lançaram o plano e pronto. E na safrinha, como faremos? Agora, só tem um limite anual, não dá para as duas safras”. O dirigente, produtor de grãos em Goiás, lembra que as regras antigas previam crédito adicional ao algodão e ao milho.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira, afirma que a solução seria “regionalizar” os limites de crédito para evitar futuros problemas de abastecimento. “Quem mais precisa de limites adicionais é o Centro-Oeste. Deveria regionalizar esse teto. Não entendi o que estão fazendo”, afirma Silveira. “Não é questão de estimular só aqui ou ali. Mas Mato Grosso é o lugar onde mais se planta na safrinha. Há uma forte demanda mundial pelo milho. Tem que fazer um estudo mais adequado”.

O Ministério da Agricultura informou que medidas serão “encaminhadas” para resolver a questão. O Ministério da Fazenda afirmou que mudanças serão conhecidas na “hora certa”.