Redação (29/07/2008)- O milho transgênico Bt está chegando aos produtores brasileiros seis meses antes do previsto. A Dekalb começou a comercializar sementes com a tecnologia YeldGard, da Monsanto. A Syngenta informa que vai lançar o Agrisure TL antes da safra de verão, a ser plantada a partir de setembro. Essas duas sementes produzem uma bactéria que combate os insetos mais nocivos à cultura.
As associações de produtores de sementes do país previam que só haveria milho transgênico nas revendas às vésperas da safrinha do ano que vem. O gerente de Milho e Sorgo da Monsanto, César Barros, afirma que parte das sementes Dekalb vem da Argentina e parte foi produzida no Brasil. Ele diz que o volume é “pequeno”, mas permitirá o plantio para destinação à indústria de alimentos.
A expectativa entre os produtores é grande, diante das vantagens divulgadas pela indústria para a variedade geneticamente modificada (OGM). Barros cita experimentos em que o milho Bt rendeu 10% mais em estações de pesquisa que reproduzem as condições das lavouras brasileiras. A principal vantagem seria a redução de gastos com aplicações de inseticidas.
O milho resistente a insetos vai elevar a competitividade da agricultura brasileira, defende o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Syngenta, Ademir Capelaro. O país vinha cultivando apenas soja e algodão geneticamente modificados.
As indústrias não revelam a quantidade de semente que estará disponível antes da safra de verão. Preferem manter sigilo também sobre onde o produto é cultivado e não divulgam ainda a rede de distribuição. O produtor interessado precisa percorrer os pontos de venda para encontrar milho Bt.
Anonimato
Apesar de o cultivo ter sido aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNB), os produtores preferem não identificar as áreas de milho Bt. Eles temem ações do movimento contrário à liberação dos transgênicos.
Um produtor de Coronel Vivida (Sudoeste do Paraná) revela que comprou semente Bt no município para testar. Ele prefere não ter seu nome divulgado. Vai usar semente transgênica em 10 dos 500 hectares que dedica à cultura. “É o primeiro ano. Vamos plantar para testar. Na safra que vem é que todo mundo vai definir a área do milho transgênico.”
Além dos milhos Bt da Monsanto e da Syngenta, o Liberty Link da Bayer CropScience – transgênico tolerante a herbicida – também teve o plantio comercial aprovado no Brasil. No entanto, a empresa informa que ainda não tem previsão de quando vai lançar o produto, porque decidiu esperar o fim do trâmite do processo para se dedicar à multiplicação de sementes.
As três variedades de milho foram aprovadas no ano passado pela Comissão Técnicas, entre maio e setembro. Em fevereiro deste ano, o CNB – composto por um colegiado de 11 ministros – tomou a mesma posição.
Para acelarar o processo e garantir as condições ideais de multiplicação, a indústria utilizou áreas irrigadas no cultivo de sementes transgênicas. A tarefa foi cumprida em cinco meses.