Redação (30/03/2009) – O milho transgênico que Jesus Messias Piloto plantou em Sales Oliveira, na última safra de verão, abrangendo áreas irrigadas e de sequeiro, teve rendimento médio de 175 sacas por hectare (425 sacas/alqueire) ante a produtividade média de 145 sacas/ha (350 sc/alqueire) alcançada pelo milho convencional cultivado na mesma propriedade.
A declaração é do próprio produtor, conhecido pelos cuidados e a sinceridade nos cálculos de renda de suas lavouras. Piloto já plantou o mesmo tipo de híbrido geneticamente modificado na atual safrinha e está animado com a perspectiva de resultado. Simplesmente, ele está entusiasmado com o milho transgênico, legalmente aprovado para plantio no Brasil a partir do ano passado.
Compensa o custo
Segundo os técnicos, mais do que o potencial produtivo, a vantagem do milho Bt é a economia que proporciona no trato da lavoura quanto à aplicação de defensivos. Bt significa Bacillus thruringiensis, referência à bactéria tóxica contra determinados insetos, principalmente lagartas, principais pragas da cultura, que podem causar perda de 30% na produtividade. Ao ingerir partes da planta Bt, a lagarta morre por inanição.
A economia no trato cultural compensa os 100 reais pagos a mais por saca de sementes, segundo Jesus Piloto. Esta diferença, em comparação com o preço da semente de milho convencional, é o custo relativo à tecnologia de produção do híbrido transgênico, observa Rodrigo Conrado, representante de empresa de sementes, que confirma o grande interesse dos produtores pela novidade.
Falta de sementes
Não há números oficiais disponíveis, mas se calcula, nesta região, que na última safra de verão, como agora na safrinha, as lavouras com híbridos transgênicos correspondem a 10% do total, e este também deve ser o índice no Brasil. Já para o plantio da próxima safra de verão, a partir de outubro, deve ser bem mais, ainda com o fator limitante da disponibilidade de sementes.
“O milho transgênico é o futuro, sem dúvida”, afirma o agrônomo Carlos Eduardo Braghin, da filial da cooperativa Carol em Guaíra, confirmando que também naquela região os produtores que já aderiram ficaram satisfeitos. E a prova de interesse fica evidente nos dias de campo, onde se faz a demonstração dos produtos.
Resistência não foi a mesma
Braghin analisa que a resistência ao milho não foi a mesma que existiu antes em relação à soja, porque “já passamos por aquele impacto, após o esclarecimento de que o produto transgênico não faz mal à saúde, nem ao meio ambiente”.
Mas aquela resistência, que atrasou o processo no Brasil em relação à soja, acabou tendo consequência para o milho, nas decisões da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).