O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o novo cronograma de plantio de soja, que foi encurtado em relação ao da safra anterior e gerou descontentamento em alguns estados produtores, é fundamentado em fundamentos científicos e não é “politizado”. Ele mencionou que as solicitações de alterações, como aquelas vindas da região Sul, estão sendo analisadas para ajustar às características específicas de cada local, mas ele não irá estabelecer um “período amplo” para todo o país.
“Estamos removendo a politização do calendário de plantio de soja no Brasil e baseando as datas de plantio na ciência e na tecnologia desenvolvida. Não podemos permitir que a política sobreponha a ciência”, disse ele a jornalistas após um evento na sede do ministério.
O período de plantio da safra 2023/24 foi fixado em 100 dias, tornando-se mais breve. Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná já requisitaram a extensão do cronograma, como relatado pela Globo Rural.
Fávaro também compartilhou que o ministério recebeu uma solicitação dos produtores de algodão de Mato Grosso para antecipar o início do plantio de soja, que precede o cultivo da fibra no estado, por alguns “poucos dias”, sem especificar a quantidade.
“Exceções devem ser tratadas como tal. Não podemos estabelecer um período amplo de plantio, o que poderia incentivar práticas sanitárias inadequadas, como o cultivo contínuo de soja sobre soja. Um período de plantio muito longo abriria a porta para essa oportunidade”, avaliou.
“Agora estamos ajustando as especificidades de cada estado e região para emitir as autorizações. Vamos aderir à ciência, sem comprometer a qualidade. Através da ciência, iremos considerar as solicitações, mas sem generalizações”, assegurou o ministro.
Fávaro enfatizou que as decisões serão tomadas considerando a necessidade de conter qualquer forma de risco sanitário e para assegurar a continuidade dos recordes de colheita e a eficácia dos defensivos agrícolas.
Rio Grande do Sul
Nesta quinta-feira, Fávaro se reuniu com dirigentes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), que pleiteiam a extensão do período para a safra 2023/24. O ministério havia definido o cronograma de 1º de outubro a 8 de janeiro.
Os produtores gaúchos buscam permissão para plantar a soja até 18 de fevereiro. A justificativa é que o milho, plantado a partir de setembro, só é colhido na segunda metade de janeiro, inviabilizando o plantio da oleaginosa no período indicado.
O vice-presidente da Farsul, o engenheiro agrônomo Elmar Konrad, explicou que há espaço para negociações e diálogo sobre possíveis ajustes ao cronograma no Rio Grande do Sul. Essa medida será debatida diretamente com a Secretaria de Defesa Agropecuária nas próximas semanas.