Da Redação 27/05/2002 – O Ministério da Agricultura vai realizar consulta à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) esta semana sobre a mistura da soja brasileira com a argentina nos navios exportadores do produto. A mistura vai contra as normas fitossanitárias mundiais de “preservação da identidade” dos produtos de cada país nas exportações a granel para fins de alimentação.
Segundo o Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal (DDIV) do ministério, a mistura afetaria a qualidade da soja brasileira.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, informou que os produtores de soja brasileiros estão levantando dados par ao governo averiguar com a FAO se a simples colocação da soja nacional por cima do produto argentino já constitui perda da preservação da identidade.
Exigência dos exportadores
Se a resposta for afirmativa, os exportadores de soja terão de separar fisicamente os dois produtos com uma lona, ou separar as exportações do produto em navios brasileiros e argentinos.
A decisão do Ministério de adequar as exportações de soja às normas fitossanitárias não é uma exigência dos grandes importadores, como a China, por exemplo. Segundo Lovatelli, a realidade do mercado exportador é a “auto-administração” nas negociações entre compradores e vendedores.
“Entendo a preocupação do ministério, porque não temos tido problemas até hoje, mas isso não quer dizer que não vamos ter no futuro .”
Lovatelli disse que a mistura da soja brasileira com a argentina pode significar, no futuro, um argumento nas negociações do produto com os importadores, especialmente chineses. “Temos que estar preparados para negociar qualquer coisa”, informou o presidente da Abiove.