Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Manejo

Mofo branco controlado

Embrapa lidera pesquisa que estuda manejo para controle do mofo branco. Doença atinge plantações de soja.

Nos últimos cinco anos, os produtores de soja, feijão, girassol e algodão de diversas regiões do cerrado, nos estados de Goiás, Minas Gerais e Bahia, estão convivendo com danos crescentes em suas lavouras, aumento nos custos de produção e com perdas econômicas superiores a 30% em consequência da ocorrência do mofo branco, doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary. Até então considerada uma doença de regiões altas e de temperatura amena, o mofo branco já infestou áreas no Rio Grande do Sul e norte do Paraná.

Pesquisadores de seis unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em cooperação com várias instituições de pesquisa ligadas a agricultura, irão estudar o nível de ocorrência da doença no cerrado e no sul do País e os efeitos de práticas agrícolas, assim como definir estratégias de prevenção e manejo para o controle da doença. Atualmente, o controle do mofo branco vem sendo realizado pelo uso de fungicidas, o que apresenta um alto custo e eficiência questionável.

O pesquisador Austeclínio Lopes de Farias Neto, da Embrapa Cerrados – unidade da Embrapa, localizada em Planaltina (DF), que lidera o projeto de pesquisa -, afirma que há uma grande carência de infomações sobre o manejo dos fungicidas. “O tratamento químico para essa doença é extramente difícil, seja pela ausência de informações ou pela própria natureza do fungo, que pode sobreviver até 12 anos no solo”, explica.

O fungo causador do mofo branco pode afetar toda parte aérea da planta, causando lesões inicialmente pequenas e aquosas, que rapidamente aumentam de tamanho. Com o desenvolvimento da doença, as partes afetadas perdem a cor, tornando-se amareladas e depois marrons, produzindo uma podridão mole nos tecidos. Os sintomas iniciais são lesões encharcadas que se espalham rapidamente para as hastes, ramos e vagens. Nos tecidos infectados, aparece uma eflorescência que lembra algodão, constituindo os sinais característicos da doença.

Projeto

Durante os três anos de execução do projeto, os pesquisadores irão testar vários tipos de fungicidas para definir o manejo racional dos produtos químicos, visando o controle da doença e a preservação do meio ambiente. Experimentos em áreas já infectadas nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal e em laboratórios definirão a eficiência de controle químico e biológico do mofo branco, pelo tratamento de sementes e pulverização da parte aérea das plantas.

A partir dos estudos de fatores climáticos que favorecem o desenvolvimento do fungo será possível lançar mapas de zoneamento de regiões de maior favorabilidade da ocorrência da doença, estabelecendo, portanto, as áreas mais críticas. Essas informações possibilitasrão o desenvolvimento de sistemas de previsão.O mapeamento das áreas de ocorrência da doença será realizado em parceria com instituições estaduais de agricultoria e cooperativas de produtores.

A identificação dos danos causados pelo fungo em diferentes sistemas de produção também é importante para o desenvolvimento das pesquisas. Estudos preliminares indicam a possibilidade de um melhor manejo da doença através de práticas como preparo de solo e uso de palhada, que precisam ser estudadas mais profundamente. Serão estudadas também a epidemiologia da doença e a estrutura genética de populações do patógeno. As análises da variabilidade do patógeno embasarão os trabalhos de desenvolvimento de cultivares resistentes e permitirão definir estratégias de ação em seu ciclo biológico.

O projeto será executado pelas seguintes unidades da Embrapa: Embrapa Cerrados, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Embrapa Soja, Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Algodão e Embrapa Agropecuária Oeste.

Além das unidades da Embrapa, o projeto contempla também parcerias com a Universidade de Brasília (UnB), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Rio Verde, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A iniciativa privada participará do projeto através da Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano, Fundação Chapadão, Centro Tecnológico para Pesquisa Agropecuária (CTPA), Pionner Seeds e empresas fabricantes de agroquímicos e fungicidas a base de agentes de controle biológico.