Os produtores rurais foram pegos de surpresa com a chuva que caiu em Mato Grosso nesta semana. De acordo com a Somar Meteorologia, a frente fria que avançou do Sul para o Sudeste carregou umidade da Amazônia e, assim, formou-se um corredor de nuvens carregadas entre o Norte e o Sudeste do Brasil, em cima de Mato Grosso. Com o enfraquecimento do fenômeno El Niño, esta frente fria foi mais forte que outras, causando a chuva no Estado em um período atípico.
Além de atrapalhar o ritmo da colheita de milho, que ultrapassa a casa dos 50% no Estado, a umidade pode trazer consequências graves se não for dada atenção especial às plantas guaxas. “A chuva deixa o ambiente ainda mais propício para o nascimento de plantas voluntárias, que podem ser ponte verde para a ferrugem asiática”, alerta o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Nery Ribas.
O cuidado com as lavouras e com áreas nas rodovias próximas às propriedades já está no calendário dos produtores rurais de Mato Grosso, que precisam destruir a soja guaxa especialmente no período do Vazio Sanitário, que é de 15 de junho a 15 de setembro. Porém, há muita perda no transporte dos grãos da lavoura até os armazéns e pelas rodovias e isto pode favorecer o crescimento de plantas nas vias públicas.
A Aprosoja/MT, preocupada com a sobrevivência destas plantas guaxas, encaminhou pela segunda vez nesta semana ofícios para as prefeituras dos municípios que são Núcleos da associação solicitando a destruição das guaxas no perímetro urbano. “Os produtores estão fazendo seu papel, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) está fiscalizando e notificando, e agora precisamos que o poder público municipal também aja”, diz Ribas.
A associação também procura encontrar uma forma de atuação conjunta com os governos estadual e federal para acabar com a soja guaxa em rodovias. A dificuldade é a extensão da área cultivada com soja em Mato Grosso. Enquanto a área cultivada com algodão é de 700 mil hectares, a soja está presente em 8,2 milhões de hectares e em 90% dos municípios mato-grossenses. “Além disso, precisamos de autorização do Ibama e do Dnit para fazer a operação nas rodovias, em locais que não tenham propriedades com soja, como as serras, por exemplo”, lembra Nery Ribas. O diretor técnico informa que esta autorização já foi solicitada em anos anteriores, mas não houve retorno positivo.
O delegado coordenador da Aprosoja/MT em Sapezal (460 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), Diego Dal’Maso, está atento ao trabalho da prefeitura. Segundo ele, depois de receber o ofício da associação, o governo municipal arrancou as plantas. Entretanto, como ainda está sendo realizado carregamento de soja nos armazéns, os grãos caem ao chão e, com a chuva, germinam. “Nós temos que fazer o nosso papel, que é eliminar as guaxas e fiscalizar para que os outros envolvidos façam a sua parte”, frisa Dal’Maso.